11.1.10

Vontade de coisas gostosas

Gravidez não combina com ficar em pé durante muito tempo. Com esse calor todo que está fazendo, nem com forno e fogo ligados numa cozinha pequena. Mas combina com vontade de comer coisa gostosa.

Hoje, numa tentativa de matar um ligeiro surto de comilança, resolvi bater um bolo enquanto assava uns bagels para o lanche da tarde. Depois de todo o trabalho da manhã (em pé), arrumei mais louça pra lavar e mais tempo com o calor do forno nas costas -mas valeu cada esforço.

Resolvi usar uma receita da Nestlé. Não costumava “botar fé” nessas fórmulas de embalagens, que são feitas pra um determinado produto, mas devo dar o braço a torcer, pois elas funcionam muito bem. Costumam ser simples, de fácil execução, baratas, rápidas e, claro, gostosas.

O bolo que escolhi hoje foi um tradicional de cenoura, com aquela coberturazinha de chocolate, que acabei fazendo do meu jeito. O bolo não é açucarado, como costumam ser os desse tipo, ao contrário, a calda é feita com chocolate amargo, dando um gostinho mais maduro pro conjunto.

Passo a receita abaixo, que pode ser feita em poucos minutos. As quantidades são suficientes para uma forma pequena com furo no meio. Aproveitem! Grávidos, ou não.


Bolo de Cenoura

Ingredientes do bolo

1 cenoura crua, picada
1/2 xícara (chá) de óleo
2 ovos ligeiramente batidos
1 pitada de sal
3/4 xícara (chá) de açúcar
1 e 3/4 xícara (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento químico em pó

Modo de Preparo

Bata no liquidificador a cenoura, o óleo, os ovos e o sal, até ficar homogêneo. Acrescente açúcar e a farinha misturada com o fermento. Mexa delicadamente e apenas para misturar, assim a massa fica leve. Despeje em uma forma pequena, untada e asse em forno médio (180ºC) por cerca de 30 minutos.

Ingredientes da cobertura

3 colheres (sopa) de cacau em pó
1 colher (sopa) de manteiga
½ xícara (chá) de leite
½ lata de leite condensado

Modo de Preparo

Leve tudo ao fogo médio em uma panela e mexa até que a manteiga se derreta. Deixe ferver até atingir uma consistência cremosa. Desligue o fogo e derrame sobre o bolo.

26.8.09

O centro de SP é lindo


O centro de São Paulo é lindo. A igreja da Sé à noite lembra belos e cuidados lugares europeus. Mas só se você olhar para cima. Nem tente observar a praça ou seus arredores.

Há algum tempo até houve uma tentativa de recuperação da região, mas com a mudança de poder na prefeitura, as coisas desandaram. Ainda existem focos de vida noturna por lá, como o Teatro Municipal, mas tente estender a noite em um restaurante legal ali ao lado. Vai tropeçar em algumas pedras.

É bom ver que existem pontos de resistência como o Largo do Arouche. Além da praça bonita, da banca de flores para enfeitar e dos restaurantes tradicionalíssimos (como o La Casserole, que está entre os melhores da cidade), há moradores. O local é habitado e não fica apenas a receber visitantes que passam logo e deixam a região ao léu.

O modelo poderia ser seguido em outros locais do centro velho e os microfones falantes das lojas populares que só funcionam de dia poderiam dar lugar a restaurantes, bares, cafés noturnos (a exemplo do que acontece durante o dia, especialmente na região da Bolsa de Valores). Com a região mais segura, limpa e habitável, os estabelecimentos tradicionais receberiam novos visinhos mudando a dinâmica do centro e deixando a cidade um pouco melhor para seus moradores.

A dica pra quem quer contribuir com a melhoria da região e aproveitar o clima do centro velho é o já citado La Casserole, com uma cozinha francesa esmerada e tradicional. Tem também o Café Girondino, outro ponto antigo do centro da cidade que fica aberto até mais tarde, de onde é possível observar o belíssimo Mosteiro São Bento. Lá você pode saborear pratos leves, como grelhados, ou bons lanches e porções.

Para aqueles que preferem um local mais simples, mas também com seu charme de tradição, existe o Ponto Chic, no Largo do Paissandu, próximo ao Teatro Municipal. Segundo eles, só lá se come o “verdadeiro Bauru”. Prove também a salada de cebola.

Isso sem falar do sexagenário Bar Brahma, tão conhecido por todos que dispensa comentários (a não ser o de que está com preços extremamente caros).

“Pratique” o centro! Ajude São Paulo a melhorar!

8.7.09

Aproveitamento total!

Muito se fala sobre o desperdício - de comida, de materiais -, sobre reciclagem, reaproveitamento, produtos verdes, ecológicos. Aparentemente realmente estamos mais dispostos a cuidar do meio-ambiente. Estamos reciclando mais, prestando mais atenção ao que compramos e consumimos, mas ainda não incorporamos atitudes bastante simples ao nosso cotidiano que só acrescentariam pontos positivos a essas medidas.

Por exemplo, quando você vai à feira e compra cenouras, pede para o feirante deixar a rama? Não, né? Pois você poderia fazer algumas receitas com ela. A não ser por casos excepcionais, esse tipo de produto vai direto para o lixo. Desperdício. E de comida, o que é pior.

Culturalmente nós não sabemos aproveitar todas as partes dos alimentos que temos à disposição. Sempre tivemos fartura de terras (onde tudo que se planta dá), de água, de energia. Não passamos por grandes guerras em nosso território que nos obrigasse a fazer sopa de pedra. Com isso, não aprendemos a tirar proveito de tudo.

O brasileiro faz cara feia para as vísceras dos animais, só usa a parte nobre das frutas e vegetais, não reaproveita. Pois se estamos dispostos a nos tornarmos “verdes”, temos que praticar uma mudança de hábitos geral.

É cada vez mais comum os mercados venderem frutas, verduras e afins em pequenas porções. Metade de uma goiaba, alguns gomos de mexirica e até mesmo um pouco de salada já lavada. O ponto positivo é que evitamos o desperdício, mas temos que prestar atenção às embalagens utilizadas pelos vendedores que, muitas vezes, ultrapassam o limite do higiênico e compensam negativamente toda essa economia. É muito comum ver, por exemplo, produtos embalados pelos fabricantes e, posteriormente, pelo supermercado novamente, só para acréscimo da etiqueta de preço. O que fazer? Não comprar esse produto e deixar bastante claro ao vendedor que é por esse motivo.

Uma pesquisa realizada pela Greentech e-survey mostrou que uma das barreiras destacadas pelas empresas para não adotarem medidas ecológicas é a falta de pressão da sociedade e da mídia. O que quer dizer que nós temos um papel importante nisso e podemos participar das mudanças de forma ativa.

Existem alguns programas no Brasil que têm um papel bastante importante na educação do (a) dono (a) de casa no aproveitamento total dos alimentos. Um deles é o SESI com o “Alimente-se bem” que, criado em 1999, vem incentivando a mudança de hábitos alimentares com aulas que ensinam receitas de baixo custo com uso integral dos alimentos. Dá uma olhada: http://www.sesisp.org.br/home/2006/alimentacao/alimentese.asp

Não se esqueça que você pode comer praticamente tudo de todos os vegetais e frutas. Desde talos até cascas e folhas, desprezando apenas as raízes. Procure sempre consumir produtos orgânicos, pois assim você pode aproveitar até mesmo a água do cozimento dos legumes em outras preparações.

A seguir repasso algumas receitas com aproveitamento de partes pouco consumidas dos alimentos. São todas bastante simples de seguir, apresentar e comer. Tente e comece a fazer diferença.

Assado de talos, folhas ou cascas

(Sugestões: usar talos cozidos ou refogados de agrião, beterraba, brócolis, cenoura, nabo etc. OU cascas de abóbora japonesa e chucu)

Ingredientes:

-4 xic. (chá) de talos, folhas ou cascas bem lavadas, picadas e cozidas
-2 col. (sopa) de queijo ralado
-1 xíc. (chá) de pão amolecido molhado no leite
-2 ovos batidos
-1 cebola pequena picada
-1 col. (sopa) de óleo
-cheiro verde e sal a gosto

Modo de Preparo:

-Bata as cascas, talos ou folhas cozidas no liquidificador
-Coloque a pasta obtida em uma tigela, misture a ela o restante dos ingredientes
-Unte uma forma e despeje nela a massa. Asse até que esteja dourada

Polenta com folhas

(sugestão: use folhas de beterraba, couve-flor, nabo, rabanete etc)

Ingredientes:

-3 xíc. (chá) de folhas bem lavadas, picadas e cozidas
-3 xíc. (chá) de fubá
-sal a gosto
-2 col. (sopa) de óleo
-1 cebola pequena picada
-1 dente de alho

Modo de Preparo:

-Umedeça o fubá
-Em uma panela funda refogue a cebola e o alho com o óleo
-Junte as folhas em seguida
-Acrescente 1 litro de água fria
-Quando levantar fervura, acrescente o fubá previamente umedecido
-Cozinhe por uns 10 minutos, mexendo sempre
-Sirva quente ou fria

Patê de rama de cenoura

Ingredientes:

-1 xíc. (chá) de rama de cenoura
-300 ml de água (1 e ½ copo)
-1 col. (chá) de sal
-3 col. (sopa) de maionese
-1 col. (sopa) de cebola picada
-2 col. (sopa) de óleo
-pimenta do reino e orégano a gosto

Modo de Preparo:

-Refogue as ramas em água com sal por 10 minutos. Despreze a água que sobrar
-Bata no liquidificador e adicione a maionese, a cebola e o óleo
-Tempere com orégano e pimenta

29.6.09

Bruschettas!

Sou uma pessoa de pavio curto, pouca paciência. Prefiro preto no branco. Sim ou não. Mas quando se trata da cozinha, posso passar horas num único molho, cortando à mão uma massa ou picando com detalhes as castanhas que vão no brownie. Sim, prefiro isso a jogar tudo no processador, o resultado final geralmente é visível.


Nem preciso falar, no entanto, que a vida como a levamos hoje quase nos impossibilita de fazer isso no dia a dia. É até clichê. Está certo que trabalho na cozinha e nesse momento tomo todo o cuidado do mundo, mas quando termino uma encomenda e só algumas horas depois vou receber amigos pra jantar a última coisa que quero é continuar no fogão. Assumo.


Por esse motivo tenho simplificado muita coisa, usado atalhos e me organizado mais, o que já é metade do caminho. Tento ignorar aqueles que dão de ombros quando você conta que não precisou labutar dias para chegar naquele resultado. É impressionante como tem gente que só valoriza o que é conquistado com muito suor. Pessoal, a vida pode ser mais fácil!


Nesta busca de um equilíbrio maior entre diversão e bons pratos acabei descobrindo que alguns aperitivos podem servir como um jantar mais leve, especialmente quando acompanhados de uma salada ou sopa.


Meu favorito é a bruschetta, ou algo parecido e adaptado. É muito fácil, dá pra soltar a criatividade nos recheios, deixar bonito e matar a fome. Como praticamente não existe cocção aqui, é muito importante que você compre ingredientes de primeira, sejam eles tomates, ou presunto cru.

Recentemente fizemos uma noite de bruschetta em casa, com direito a vinho para acompanhar e filme na tv. Não poderia pedir acompanhamento melhor.


Comece escolhendo um bom e fresco pão italiano. Compre no formato de baguete, pois fica mais fácil para cortar. Nossas opções de recheio foram: tomate com manjericão fresco; salmão defumado com cream cheese e tempero de limão e pimenta e também uma de queijo de cabra Bouchon, figo e copa.

Você pode escolher combinações de ingredientes que te agradam e montar a bruschetta. Fica muito bom esfregar um dente de alho em cada fatia de pão e colocar um pouco no forno também.


Outras opções que me agradam muito: queijo gorgonzola com pêra e nozes (faça uma camada de cada ingrediente); pesto de azeitona (pique muito, muito bem azeitonas pretas e anchovas, depois tempere com azeite, vinagre, pimenta e se quiser alho); ricota e pesto de rúcula com uma fatia de rosbife; tomate seco e anchovas; e assim por diante. Você pode colocar praticamente qualquer coisa.


Tente e depois nos conte suas combinações!

Bom apetite!

26.5.09

Não é nada complicado


Quando vi que não é nada complicado, comecei a cozinhar”. Uma amiga que resolveu morar na terra do Tio Sam recentemente percebeu que cozinhar a acalmava e que, sendo simples, ela poderia fazer com mais freqüência. 

Ela já passou de um simples guacamole a sopa de feijão e uma lentilha caprichada. Sua experiência pode servir de exemplo pra muita gente que morre de preguiça só de pensar em colocar os pés na cozinha. É fácil e muitas vezes rápido, pode apostar.

Pensando nisso, escolhi uma receita onde é possível você usar alguns atalhos para diminuir seu trabalho, a quantidade de louça suja na pia e o tempo em frente ao fogão. Tagliarini com molho de queijos e brócolis. Agrada tanto aqueles que gostam de uma refeição mais leve, quanto os adeptos das coisas com “sustância”. 

Atualmente é cada vez mais fácil encontrar nos supermercados ingredientes já picados, ralados e higienizados. Não hesite, isso não tirará qualquer mérito de seu jantar - não é a mesma coisa que comprar caldo de carne em cubinhos ou nuggets congelado.

Na receita abaixo, sugiro dois tipos de queijo, que você pode trocar por outros de sua preferência, que seja mais fácil e mais barato em sua região. Só atente para o fato de que ele precisa derreter com facilidade.

Para o brócolis o ideal é comprar o fresco e daquele tipo que vem em ramas. Caso você não esteja com paciência, ou tempo, para lavar devidamente, compre o congelado e corte-o em floretes de tamanhos parecidos, para cozinharem no mesmo tempo e ficarem bonitos no prato.

Espero que minha amiga sirva de inspiração para muitos e que ela continue se acalmando entre as panelas.

Tagliarini com molho de queijo e brócolis
(para 4 pessoas)

Ingredientes:

- 400g de tagliarini
- 150g de queijo parmesão ralado
- 150g de queijo tallegio
- 1 lata de creme de leite ou uma garrafa do fresco
- 350g de brócolis
- sal e pimenta a gosto

Modo de preparo:

Cozinhar o tagliarini na água conforme instruções do pacote. No último minuto acrescentar o brócolis já lavado.

Enquanto cozinha o macarrão, coloque sobre a panela de água fervente outra panela com o creme de leite e os queijos. Mexa até derreter e formar um molho. Vá com paciência, eles vão derreter e formar uma coisa só. Prove e acrescente sal e pimenta se achar necessário.

Escorra a água do macarrão depois que ele cozinhar, mas reserve um pouco para afinar o molho, caso seja necessário. Misture massa e molho e depois coloque o brócolis por cima. 

Buon Appetito!

22.1.09

Presentes de comer


Sou rainha dos presentes culinários. Amigos, parentes e até conhecidos que vão viajar sempre trazem “uma lembrancinha de comer” pra mim. Muitos até se sentem culpados por verem comida relacionarem comigo, mas eu não reclamo. Adoro!

O último foi um maple syrup que veio em um vidro no formato da folha de árvore canadense. Tentador. Ele é perfeito para colocar em panquecas e até para fazer muffins. Pouco doce e liquoroso dá um sabor característico, ao qual nós brasileiros não estamos muito acostumados.

Teve também um cupuaçu, presente de família de uma viagem ao Pará. Pra quem não conhece, a fruta é ovalada, com uma casca bastante grossa e dura. Dentro parece uma jaca, só que azedinha. Deliciosa. Daí saiu uma sobremesa fantástica, cheirosa, misturando o azedo da fruta com o doce do leite condensado. Num post futuro passo a receita que até levou a classificação de “o melhor doce que você já fez”.

Mas o post é mesmo para falar de um creme de maçã que ganhei de uma viagem à Alemanha. Fui procurar aqui no Brasil e o produto mais próximo disso que encontrei foram aquelas papinhas de bebê.

Os alemães costumam usar esse purê com carne, o que fica perfeito. Aproveitei o presente para fazer uma bisteca de porco na chapa. Você tempera os bifes com sal, limão e pimenta. Passa na chapa, deixa cozinhar. Tira e passa dos dois lados o purê. Volta para a chapa para dar uma dourada. Fica ótimo.

Você não precisa se limitar. O purê pode virar recheio de bolo, vitamina e ser usado na confecção de barrinhas de cereais e granola. Fica ótimo. Minha dica do dia, porém, será uma torta de maçãs. A fruta é fácil de encontrar em qualquer época do ano e é praticamente a matéria prima de toda a receita.
Se for receber amigos, pode deixar para assá-la quando eles chegarem. Em uns 30 minutos a torta fica pronta, preenchendo a casa com perfume de doce. O melhor de tudo é poder servi-la quente, com uma bola de sorvete em cima.

Torta de maçã da Bianca

Ingredientes

Para a massa

- 300g de farinha de trigo
- 200g de manteiga gelada
- 100g de açúcar
- 1 ovo
- 1 pitada de sal
- Raspas da casca de 1 limão

Para o recheio
- Purê de maçã suficiente para cobrir a torta
- 1 ou 2 maçãs para decorar
- Suco de 1 limão
- Canela em pó
-Amêndoa em lâminas (opcional)

Modo de preparo:

-Comece com a massa. Esfarele a farinha, o sal e o açúcar com a manteiga até ficar parecendo areia. Acrescente o ovo e as raspas de limão e amasse delicadamente só até formar uma massa. Deixe descansar na geladeira por uns 20 minutos.
-Se você não tiver o purê de maçã pode prepará-lo em casa. Pegue 4 maçãs, descasque e tire suas sementes. Pique. Regue tudo com suco de limão e cozinhe com pouca água e ½ xícara de açúcar. Quando a fruta estiver bem mole, amasse para formar um purê. Se quiser algo mais fino, passe por uma peneira.
-Corte uma maçã lavada em fatias. Regue com o suco do limão (dependendo do tamanho da torta você precisará de 2 maçãs)
-Depois de a massa descansar, abra-a em uma forma de fundo falso untada. Forre um pouco das laterais também. Cubra com o creme e disponha as fatias de maçã cobrindo tudo todo o creme e decorando a torta. Salpique canela em pó e a amêndoa, se for usar.
-Leve para assar no forno pré-aquecido a 180ºC. Quando ela estiver pronta você sentirá um perfume ótimo e a massa estará dourada e crocante.

19.1.09

Crianças em casa e na cozinha!

Nesta época de férias é uma delícia olhar pela janela e ver toda a criançada se divertindo no jardim. Algumas brincadeiras mudam, mas muitas continuam as mesmas: polícia e ladrão, esconde-esconde, jogos de roda e até bolinha de gude.

A principal diferença, no entanto, é que a maioria das crianças hoje não tem um quintal pra se divertir, nem pode ficar na rua. Na minha infância era bem comum ficarmos no jardim brincando de “casinha”, usando barro para fazer bolo e servindo os adultos com aquela pasta marrom.

Hoje muitos pais ficam sem saber o que fazer com os filhos dentro de casa, entediados ou grudados na televisão. Pode parecer irreal para alguns, mas que tal levá-las para a cozinha?

Certo, tem muita gente que acredita que preparar uma refeição é um dever, um trabalho, mas você pode dar uma chance para seus filhos formarem uma opinião própria. Comece com pratos divertidos e gostosos.

Poucas coisas são mais lúdicas para as crianças que cookies. Fazê-los, decorá-los e, claro, comer alguns recém saídos do forno fazem qualquer um feliz. Com um adulto por perto para colocar e tirar as formas do forno não há perigo algum. Que tal tentar?

Se você já tem uma receita de biscoito de família pode usá-la e só pegar as dicas de coberturas. Caso contrário, estou passando uma receita simples para as crianças prepararem desde o início.

Separe um espaço amplo para todos, coloque os ingredientes sobre a mesa e, se as crianças forem muito pequenas, separe as quantidades exatas antes de começar. Caso contrário, aproveite o momento para treinar um pouco de matemática sem que elas percebam.

Divirta-se!

Cookies de chocolate e canela

Ingredientes:

- 120g de manteiga (em temperatura ambiente)
- 125g de açúcar
- 2 gemas
- 1 col. (sopa) de cacau
- 1 col. (chá) de canela em pó
- 175g de farinha
Para a cobertura:
- 150g de açúcar de confeiteiro
- 4 a 5 col. (chá) de água
-Corante comestível

Modo de Preparo:

-Bata a manteiga e o açúcar até que fique uma mistura pálida e cremosa
-Acrescente as gemas, o cacau e a canela. Depois, aos poucos, vá colocando a farinha e misturando até que vire uma massa macia. Coloque na geladeira por 15 minutos
-Abra a massa entre duas folhas de papel manteiga e use cortadores em formatos diferentes para cortar os biscoitos. Se não tiver cortadores pode usar xícaras ou copos. Junte as sobras e abra-as novamente até esgotar a massa
-Aqueça o forno a 180ºC. Asse por aproximadamente 10 minutos. Deixe esfriar
-Para a cobertura misture o açúcar à água aos poucos, até ficar com uma consistência pastosa. Você pode usar os corantes comestíveis para fazer diversas cores. Coloque sobre os biscoitos e espere endurecer.
-Agora é só comer!

9.12.08

Deixe-se contagiar

Eu nunca me contagio por esse espírito natalino que mais parece assombrar que alegrar as pessoas. Todos começam a correr em busca de enfeites e as casas ficam atoladas de brinquedinhos feios que saltam das janelas piscando incessantemente e cantando musiquinhas que deveriam inundar nossos corações de amor e esperança.

O desespero de tentar comemorar no final do ano tudo que foi deixado pra trás durante os meses passados, de ver as pessoas que ignoramos por "falta de tempo" ou de celebrar uma nova chance no ano que vem com gente que maldissemos na cozinha do escritório, não é pra mim. Devo confessar, porém, que me rendi às tentações culinárias natalinas e à chance de me deliciar sem culpa.

Se por um lado eu dispenso a correria do Natal e todas as obrigações que aparecem com ela, faço questão de caprichar na ceia e na organização da noite de festança. Isso sim é contagiante.

Na busca por receitas que tornem a ceia de Natal um pouco diferente, sem deixar as tradições de lado, reparei que todos se preocupam com os pratos principais, praticamente ignorando a existência dos acompanhamentos e, especialmente, da sobremesa, afinal de contas é muito fácil comprar um sorvete e uma torta congelada que passar uma horinha montando um doce. Mas, com todo o respeito às "mammas" brasileiras, discordo.

Preparar uma sobremesa que é ao mesmo tempo gostosa, um deleite aos olhos e um presente para seus convidados não precisa ser demorado, ou difícil. Simplifique: compre lindos pêssegos e parta-os ao meio. Coloque em uma assadeira, regue com um bom mel (de preferência aromatizado com laranjeira ou alguma outra flor) e asse no forno já aquecido até que eles fiquem bem macios, quase soltando a casca, mas não deixando desmanchar. Ao tirar de lá você pode salpicar um pouco de raspas da casca de uma laranja. Acrescente lâminas de amêndoas por cima e sirva com um sorvete neutro, ou com um creme de leite fresco batido levemente.

A receita que escolhi para passar aqui como dica para a data tem aparência natalina e gostinho do verão que nos aguarda. Pode ser feita pela manhã, logo antes de você colocar o peru no forno. Não precisa ter experiência na cozinha, basta seguir as instruções.

Torre folhada com creme e frutas

Ingredientes:

- 375g da melhor massa folhada que encontrar
- 250ml de creme de leite fresco
- 100ml de leite condensado
- 350g de morangos e pêssegos, ou framboesas, bananas, ameixas

Modo de preparo:

Abra a massa folhada e corte em 3 tiras compridas de tamanhos iguais. Faça furinhos nelas com um garfo e asse conforme indicado na embalagem.

Enquanto isso, bata o creme de leite até espessar, tomando cuidado para não virar chantilly. Pique as frutas em pedaços pequenos.

Quando a massa estiver assada, comece a montagem. Em uma travessa bonita coloque uma das tiras e sobre ela 1/3 do creme de leite batido mais 1/3 do leite condensado. Cubra com pedaços das frutas picadas. Faça o mesmo até acabar os ingredientes. Para ficar mais bonito, polvilhe açúcar sobre as frutas da última camada, só para criar uma nuvem.

Se quiser criar sobremesas individuais siga o mesmo processo, mas com pedaços menores da massa, que deve ser cortada antes de assar.

22.8.08

Inverno quente


Inverno com 28ºC. O Brasil tem dessas. A parte ruim é que não dá para aproveitar o friozinho, os fondues, as sopas, a lareira. A parte positiva é que dá pra continuar aproveitando as coisas boas do calor. Dá pra ir ao parque passear, pra tomar sorvete, usar a piscina, abusar dos sucos refrescantes e, claro, das saladas.

Outro lado legal é que você pode curtir a preguiça do inverno desfrutando de uma refeição simples e completa. O bom da salada é que ela é bastante versátil. Você pode misturar basicamente de tudo, incluindo aí carboidratos e proteínas.

Quer um exemplo? Que tal uma salada com aquele restinho de frango assado que sobrou do almoço passado? É só desfiar a carne e misturar aos demais ingredientes. Se você é daqueles que sente falta de algo quente na refeição, esquente o frango antes. Misturado ao tempero da salada, ele volta a ganhar vida.

Já se o seu negócio é um carboidrato, é possível misturar um macarrão frio ou qualquer cereal como arroz integral, lentinha ou feijão branco. Um bom pão integral, ou mesmo os italianos, também combinam perfeitamente.

Outro carboidrato que cai no gosto de todo mundo são as batatas. E salada de batatas é uma das melhores. Se você estiver no espírito de cozinhar, pero no mucho, pode atacar de uma salada de mini batatas, ervilhas frescas e bresaola. Ao mesmo tempo que não dá trabalho algum, você fica com aquela sensação de que fez alguma coisa.

É simples. Basta cozinhar as batatas, as ervilhas (bem rapidinho, pra que elas mantenham a cor, crocância e sabor) e alguns ovinhos de codorna (se não tiver, serve de galinha, daqueles caipiras bem bonitos).

Faça um vinagrete simples, com uma boa mostarda, uma colherzinha de tahini, suco de limão, azeite, sal e pimenta. O importante é ir provando o molho, pra ficar bem ao seu gosto e ir corrigindo os sabores.

Misture primeiro as batatas ainda quentes ao vinagrete, depois acrescente as ervilhas, a bresaola (ou presunto cru, copa...), ervas picadas (salsinha e hortelã) e depois os ovinhos já cozidos e partidos ao meio. Voilà! Uma salada linda, elegante e deliciosa.

Agora, se você está sem vontade nenhuma de usar panelas e fazer molhos, simplifique. Use folhas verdes, qualquer uma que você goste, um pouco de milho e atum. Aproveite o óleo do atum, acrescente vinagre balsâmico, limão, sal, pimenta moída. Misture com as mãos para envolver bem os ingredientes no molho. Se precisar, acrescente um pouco de azeite. Coloque no centro uma bela fatia de pão integral e abra um ovo cozido sobre ela.

Uma dica legal é ir ao supermercado e olhar na feira o que está mais fresco. Você pode ver um belo pé de agrião e logo lembrar que manga combina muito bem com ele, ou mexericas, que estão lindas por aí. Algumas fatias finíssimas de parmesão por cima, azeite, limão, sal e pronto.

Assim como as sopas (das quais sou adepta inclusive no calor), as saladas são pratos muitos simples e versáteis. O segredo é você sempre provar o molho e usar ingredientes frescos. Isso já te dá 60% de uma boa refeição.

20.8.08

Savarin!

Após uma ausência razoável, procuro voltar à ativa estimulada por uma descoberta culinária que me enche a boca de água só de pensar.

Através do querido professor Manoel Mattos, fui apresentada ao savarin. Devo cometer um sacrilégio ao descrevê-lo como uma espécie de bolo que é fermentado como pão, mas acredito ser a descrição mais fácil de ser visualizada.

De acordo com o livro “Técnicas de Confeitaria Profissional” –de onde vem a receita que passo abaixo-, o savarin foi criado pelos irmãos confeiteiros de sobrenome Julien, que decidiram reinventar o tradicional baba au rhum, tirando as passas e qualquer aromatizante do prato.

“Uma vez cozida, a massa era mergulhada em uma calda com alguma bebida alcoólica”, descreve o livro. A preparação era então servida acompanhada de chantilly (o que, pra mim, é completamente desnecessário).

O nome Savarin foi dado em homenagem a Brillant-Savarin, grande gastrônomo francês que viveu entre 1755 e 1826, quando escreveu “A fisiologia do Gosto”.

A receita não é difícil, mas requer um pouco de habilidade e paciência. O resultado final é de se ajoelhar. Sua massa é totalmente aerada, deixando um leve sabor fermentado na boca.

O savarin é perfeito para um chá da tarde ou para aquele café da manhã mais demorado, que sempre termina com um gosto docinho.

A dica de livro também é válida. “Técnicas da Confeitaria Profissional” é um grande impulso para aqueles que pretendem sair dos simples recheios de doce de leite e incorporarem no repertório pratos mais sofisticados.

Segue abaixo a receita do fantástico savarin:

Ingredientes:

-500g de farinha de trigo
-140g de manteiga sem sal derretida
-30g de açúcar
-4 ovos
-10g de sal
-120ml de leite morno
-30g de levedura biológica fresca

Para a calda de açúcar:

-750ml de água
-400g de açúcar
-150ml de rum

Modo de Preparo:

-Peneire a farinha em uma tigela
-Em um dos lados da tigela acrescente o açúcar e o sal. Do outro lado a levedura
-Coloque os ovos e depois despeje o leite morno
-Misture energicamente com uma colher até obter uma massa homogênea
-Cubra com um filme plástico, coloque em um local sem corrente de ar (como forno desligado ou microondas). Deixe crescer até dobrar de tamanho
-Retire o filme plástico
-Revolva a massa com uma colher, abaixando-a e retirando os gases
-Acrescente a manteiga derretida morna pouco a pouco
-A massa deve ficar lisa e homogênea
-Passe para uma forma com furo no meio untada com manteiga e deixe crescer em um local aquecido
-Depois de ela ter levedado, leve ao forno a 180ºC para assar.
-Desenforme e deixe esfriar-Enquanto isso, ferva a água e o açúcar. Retire do fogo e junte o rum. Encharque o savarin com essa calda. Se quiser, coloque chantilly no furo central e sirva gelado.

21.5.08

Café com leite, pingado, média, caffè latte....

Não é de hoje que sabemos o quanto o brasileiro gosta de café. Em qualquer canto que você vá, tem sempre uma xicarazinha te esperando. Após o almoço todos tomam um cafezinho, no meio da tarde tem a pausa do café, e assim por diante.

Outro clássico é o café com leite, conhecido também por pingado, ou média (que em alguns cantos do Brasil, na verdade, quer dizer pão). De manhã, se você entrar em uma padaria qualquer, verá que a maior parte das pessoas se delicia com um pão com manteiga e um pingado. Simples assim. Mas não pense que você pode encontrar isso em qualquer canto do mundo.

Tudo bem, café e leite tem em todo lugar, mas nem todos têm o costume de tomá-los juntos. Recentemente, de férias na França, sofri para conseguir meu costumeiro pingado de manhã.

Em Lyon, segunda maior cidade francesa em área urbana, não é comum você ver os "locais" sentarem em um café para degustar seu desjejum. Ao invés, muitos passam em quiosques e pegam seu croissant para viagem. Você até pode pedir um cafe au lait, mas geralmente o que vai receber em troca é uma xícara de café puro e um potinho mínimo de plástico com leite frio. A idéia é que você faça a mistura e se satisfaça com isso.

Já se você descer para a Itália, e gostar tanto de bebidas com café quanto eu, vai se sentir no paraíso. Literalmente. Qualquer casa que você encoste, tem lá uma seleção de cafés pra escolher. Espresso, Ristretto, Caffè Latte, Caffè Macchiato, Latte Macchiato, Cappuccino, Caffè Corretto...

É muito interessante ver o quanto os italianos respeitam o café. No Brasil, por exemplo, é bastante comum você ver nos buffets de café da manhã de hotéis, ou em padarias, uma garrafa térmica. Lá não. Nos hotéis que servem o desjejum, por mais simples que seja, tem uma pessoa só para preparar sua bebida - fresquinha.

A melhor parte, pra mim, é a espuma do leite no Caffè Latte. Perfeita, cremosa, chegando até a ficar espessa. Nunca provei igual em qualquer outro lugar.

Certa vez assisti a uma entrevista com Marco Suplicy, proprietário do Suplicy Café, um especialista na área, quando ele explicou que formar essa espuma chega a ser mais difícil que tirar um bom espresso. Palmas para os italianos, portanto, que não decepcionaram em nenhum momento.

Outro fato interessante de se levantar é a variedade de pó de café vendida nos mercados. Há produto de diversos lugares do mundo (especialmente da América Latina), para diferentes tipos de cafeteira, além do orzo, que nada mais é que cevada torrada e moída, usada em cafeteiras especiais.

Para quem gosta de variedade, os italianos também criaram mil tipos de cafeteiras, nas mais diversas cores, formatos e utilidades - como fazer cappuccino ou caffè latte sozinha. A Bialetti é uma das marcas mais legais.

Vale ainda dizer que o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café, o que, no entanto, não significa que os brasileiros degustem os melhores pós. Segundo Suplicy, são os escandinavos e japoneses que têm esse privilégio, diretamente relacionado à renda per capita dos países.

Se você, aqui no Brasil, quiser tomar o café que os estrangeiros tomam, deve procurar um "tipo exportação", pois nós mandamos para fora nossa melhor produção.

Dica: Começou na última terça-feira, dia 20, uma exposição no Shopping Pátio Higienópolis chamada "Cafés do Mundo", que apresentará as mais diferentes cafeteiras criadas no mundo desde o século passado. O evento termina no próximo dia 31.

19.5.08

(Re)Descobrindo a Itália

Não, não desisti do blog, somente tirei férias. Férias de verdade. Daquelas de ficar quase um mês sem ver a cara de um computador, quando os dedos até enferrujam e você tem que fazer um trabalho de readaptação pra conseguir digitar de novo. Nessa folga, passada além mar, redescobri a culinária italiana.

Devo dizer primeiro que o povo daquele país é bem parecido com as “mammas” retratadas nas novelas brasileiras. Dramáticas e passionais, alegres, geralmente mal-educadas, mas acolhedoras, e sempre, sempre “falando com as mãos”.

Isso se reflete, de certa maneira, na comida local. É impressionante como nós brasileiros podemos nos sentir em casa ao nos sentarmos em uma mesa italiana. É o que se chama hoje de “confort food”.

Um bom prato de macarronada quentinho está no cardápio de boa parte dos países ocidentais. Outro dia, sentada em um restaurante à beira mar no belíssimo litoral de Cinque Terre, percebi que a família na mesa ao lado era dos Estados Unidos. Havia um rapaz com uma cara bem típica de jogador de futebol americano, daqueles que só come “trash food”. Foi fácil perceber que ele não se arriscaria nas iguarias locais e então partiu direto para sua zona de segurança: “A spaghetti al ragu, please”.

Esse é o lado mais acolhedor da comida italiana. Ela recebe todos de braços abertos, oferecendo o que tem de mais fresco, mais saboroso e tradicional, despertando a gula em qualquer hora do dia.

Já a paixão que o italiano tem pela comida local, pelo que nasce e cresce em suas terras, remete ao lado passional do povo. As melhores comidas que você poderá provar no país serão aquelas feitas há gerações na cidade onde você estiver, são os pratos que as mammas ensinaram para seus filhos e que representam o orgulho da família.

Uma vez em Milão, prove o “vero vecchio risotto alla milanese”. Você poderá encontrá-lo no restaurante Il Coriandolo, na Via dell’Orso, centro da cidade. Chegará à sua mesa um prato amarelinho, com um arroz cremoso, no ponto certo. Aproveite o pão do couvert pra não deixar nenhum restinho no prato.

Em Assis, o segredo é aproveitar o strangozzi, uma massa daquela região, meio tortinha, mais grossa, que acompanha bem um molho do famoso e caro tartufo negro. O restaurante Medioevo absorve bem essa tradição, num salão com teto baixo, criando um clima medieval que a cidade já tem, e com um serviço muito simpático.

Agora, se você quiser aproveitar o lado festeiro do italiano, pode atacar uma tradicionalíssima “bistecca alla fiorentina”. Mas já aviso, esse prato não é para qualquer um! A peça de carne de boi pesa sempre perto de 1kg, tem uns 3 dedos de altura e é servida praticamente crua no meio. Extremamente macia, ela tem um sabor natural, fantástico. O mais divertido, porém, é se deliciar com o osso no final –e ver o visinho fazer o mesmo!.

(Re)Descobrir a culinária italiana é também voltar um pouco às nossas origens. Nos faz valorizar o que vem da nossa terra, dos nossos antepassados, a pensar no que realmente importa pra nós.

16.3.08

Códigos e pratos

Por que os restaurantes agora têm mania de fazer seus garçons anotarem os pedidos pelos códigos dos pratos? Não entendo. E não gosto.

Não importa o tipo do estabelecimento: lanchonete, italiano, alemão, pequeno, grande, refinado ou simples. Você pede um penne ao sugo e eles rebatem com uma pergunta: "Qual é o código?", procurando no cardápio que provavelmente está na sua mão.

Outro dia estava em um restaurante muito simpático de Moema, com uma ótima comida italiana, bem feita, barata e bem servida. Éramos uma mesa de sete pessoas. Chega a garçonete para pegar os pedidos: "Pra mim ravióli de espinafre", "Eu quero lasanha verde", "Ah, eu vou querer o Penne à carbonara" e assim por diante. E a garçonete buscando os códigos no cardápio para anotar em seu bloquinho.

Na hora de confirmar, para não ter erro, ela solta: "Então são dois número 355, um número 234, um 456, dois 990 e um 123", certo? Na mesa, olhares confusos. "Certo, fazer o quê?"

Pode até ser que facilite na hora de o restaurante fazer a conta final, mas isso não deveria interferir no diálogo comensal/garçom. Se é importante que os números dos pratos sejam passados para a cozinha, ou mesmo para o computador, que isso seja feito depois de um pedido anotado. Afinal de contas, tudo o que uma pessoa quer quando sai para comer, é sossego.

15.3.08

Golden Door

Alguém já ouviu falar do Projeto Julie/Julia? Uma (louca) norte-americana estava insatisfeita com a vida que levava e decidiu que faria todas as receitas do livro Mastering the Art of French Cook, de Julia Child, durante um ano. Eram 524 receitas.

Julie criou um blog e detalhou todas as suas peripécias no percurso. O projeto fez sucesso e acabou virando um livro. Mas não, não é essa a dica da semana -apesar de ter sido inspirada a partir da leitura deste livro.

A dica é do Purely Golden Door, um livro realizado por um spa australiano, que busca o bem-estar através da alimentação adequada, exercícios físicos e relaxamento. No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, a comida indicada por ele está longe de ser sem graça, ou parecida com um regime.

O que o livro de Julie tem com isso? Bom, ele me inspirou a testar os ensinamentos do Purely Golden Door. Durante o próximo mês, durante todas as minhas refeições em casa, prepararei um de seus pratos, pelo menos, para ver se consigo resultados reais. No final do projeto conto aqui o resultado.

E quais são esses ensinamentos? Muitos, a começar pela forma como nos alimentamos. Segundo seus autores, devemos diminuir o número de carboidratos processados do nosso dia-a-dia, como farinha branca e açúcar, trocando-os pelos integrais. Ainda pregam que é necessário cerca de 1 a 2 gramas de proteína por dia (carne, por exemplo) por peso do corpo, e explicam que, mantendo seu índice glicêmico estável, você se sente saciado por mais tempo e não tem "aquela vontade incontrolável" de comer doce.

No livro (lindíssimo visualmente, por sinal) há receitas do café da manhã à sobremesa do jantar. Para elas são usados ingredientes saudáveis, integrais, pouco açúcar, sal e nenhuma comida processada. Você pode fazer desde muffin até chilli para sua "noite mexicana".

Os chefs do spa indicam métodos mais saudáveis de preparação dos alimentos, como, por exemplo, refogar a cebola com água, ao invés de óleo. Ao final de cada receita, há um serviço nutricional, com calorias, quantidade de proteína, carboidratos, fibras e sódio do prato.

Dá para passar (muita) vontade no site do spa.

24.2.08


Essa não poderia deixar de comentar. Que tem muita gente louca nesse mundo, todo mundo já sabe, mas tem uns que apelam.

No último sábado, estava trabalhando tranquilamente, vendo a chuva cair pela janela, quando topei com uma notícia curiosa: “Uma Ferrari muito doce”, dizia a manchete de um jornal italiano.

Uma foto grande exibia uma Ferrari F2008 (modelo que a escuderia de Fórmula 1 vai usar nesta temporada) em tamanho natural, real, escala 1:1, feita de nada menos que chocolate.

No total, 25 chefs confeiteiros voluntários trabalharam 400 horas cada um durante seis meses para produzir a obra. Neste domingo, o carro de chocolate, que pesa 2008 kg, seria destruído e, aos pedaços, distribuídos para os visitantes da exposição da qual participava. Uma pena.

22.2.08

O Carlota da Carla

Se no post anterior falei de um livro inspirador, achei que desta vez não poderia baixar a bola. O adjetivo se encaixa perfeitamente para “Carlota – Balaio de Sabores”, de Carla Pernambuco, uma cozinheira iluminada.

Num primeiro olhar você pode se sentir intimidado por eles (livro e autora). A cozinha inventiva pode parecer que pertence às quatro paredes de um restaurante e não à sua apertada pia com facas mal afiadas. Os ingredientes sofisticados parecem caros demais, e a apresentação, trabalho para um artesão. Mas é só olhar uma segunda vez.

Se você olhar de novo, verá um caldeirão de idéias, técnicas, e muitas novidades com uma simplicidade desconcertante.

Quem imaginaria que no livro de uma chef tão bem conceituada como Carla Pernambuco você poderia encontrar uma receita de arroz e feijão, daqueles que você quer comer quando sente falta de casa? E que algumas páginas mais à frente você aprenderia a fazer um dim sum e um kulfi?

O “Carlota” é um livro para aqueles dias em que você está com o coração apertado, querendo aquele impulsozinho externo para continuar. E aí você pode ir direto para a página 50 que logo abaixo da receita de ovos nevados você vai encontrar a cocada. Branquinha, macia, suculenta.

Por outro lado, a obra também serve para quando você está pulando de alegria, pra quando não consegue segurar o sorriso e volta para casa sonhando. Nessas horas dá para aproveitar a receita de salada de papaia verde, ou o toucinho-do-céu.

Passeando pelos capítulos de “Carlota”, você revisita (essa palavra está na moda) clássicos do restaurante de mesmo nome, como o rolinho de pato pequim, ou o copiado suflê de goiabada com calda de catupiry. Há ainda a seção de pratos brasileiros, italianos, orientais...

Um dos meus preferidos é o “O que é isso?”. Nele, você não apenas aprende o que é balik e centolla, como também acompanha receitas que te iniciarão num mundo à parte. Agora, se você já é um expert, pode dar uma paradinha no capítulo “Namoricos de sofá” e se deliciar (e deliciar ao outro, claro) com uma frigideira de cogumelos e requeijão com pão sueco, ou com figos assados com vinagre balsâmico e gelado de passas ao rum.

O livro dá chances até para aqueles que são mais práticos, ou que têm menos prática, e ataca com uma torta de liquidificador e um rocambole de pão de folha.

Por mais que o “Carlota” já tenha deixado de ser novidade nas prateleiras das livrarias, é um livro que vai estar sempre lá, de “janelas abertas”, como diz a introdução, para te receber, te acolher e alimentar o espírito.

Abaixo, a receita de cocada.

Ingredientes

-1 lata de leite condensado
- a mesma quantidade de açúcar
- 1 col. (sopa) de manteiga sem sal
- 100g de coco fresco ralado

Modo de Preparo:

- Junte todos os ingredientes, misture bem e leve ao fogo médio
- Mexa sem parar. Quando começar a desgrudar do fundo da panela, retire do fogo e bata vigorosamente por cerca de 8 minutos: formará uma massa pesada. Espalhe em mármore ou assadeira untada com manteiga, e, depois de fria, corte em quadradinhos.

PS- Fica um charme quando você embrulha uma a uma em papel de seda, junta algumas num saquinho transparente e amarra com uma fita bonita.

5.2.08

Livros para comer

Livros são uma delícia. Eles podem estimular a sua imaginação, fazê-lo chorar, rir, ajudar a dormir, ensinar e, claro, abrir o apetite. Pra mim, tem pouca coisa melhor que sentar com um bom livro nas mãos, repleto de fotos, para escolher minha próxima refeição.

Tem aqueles que são clássicos e seguem uma regra. Por exemplo: Menu italiano, que vai do antipasto ao dolce; ou Vegetariano, com pratos que você nem consegue imaginar como podem ficar sem carne, mas que no final das contas, são uma delícia. Há ainda as miscelâneas, livros que tentam ter um tema como "pratos rápidos" ou "pratos fáceis", mas que no fundo são apenas uma compilação de receitas.

Os meus preferidos são os bem-editados. É óbvio que é fundamental ter boas receitas, que funcionem e sejam saborosas, mas um visual atraente faz toda a diferença, ou você nunca ouviu falar do "comer com os olhos"?

Para quem realmente gosta de seguir receitas, mesmo que seja para alterá-las no decorrer do cozimento dependendo da necessidade, livros com boas fotos, uma letra clara e uma boa explicação do "modo de preparo" atiçam o paladar e estimulam o cozinheiro a ir para o fogão.

Outro dia, parada na seção de gastronomia de uma livraria, vi um casal procurando um livro de comida vegetariana. Eles tinham uns três nas mãos e não conseguiam se decidir. Tive que me segurar para não interferir na escolha e já sugerir alguns dos meus favoritos.

Depois foi a vez de uma mulher pedir uma sugestão para a vendedora e eu, intrometida, querer dizer: "Não... olha esse aqui que você não vai se arrepender. Vai por mim!".

A partir desse episódio veio a idéia de fazer aqui no Con Gusto uma sugestão semanal de livro. Você pode, ou não, levar em consideração, mas tenha a certeza de que todos são escolhidos com cuidado, lidos e relidos.

Para começar, quero relembrar do "Cozinhando para Amigos", livro de Heloisa Bacelar. Já falei sobre ele (clique aqui e leia abaixo no post de 03/03/2007) e não me canso de dizer que é inspirador. Nele você encontra receitas, idéias e sensações para todas as ocasiões, com um texto dedicado e cuidadoso da autora.

27.1.08

Sabores que despertam a digestão

Desde criança somos acostumados a comer um arrozinho sem tempero, ou um purê de batatas sem sal e sem manteiga quando não estamos muito bem do estômago. Comidinhas insossas nos ajudam a digerir o que não está fazendo bem, dão um refresco para o estômago, certo? Não necessariamente.

Num outro dia, ao assistir o programa da Nigella, esse meu conceito mudou. Ela dizia que quando abusa em um dia, gosta de comer algo saudável, mas de sabor forte, no dia seguinte, para se "recuperar".

Achei aquilo um pouco estranho e imaginei meu estômago rejeitando qualquer coisa mais forte em seus momentos de frescura. A história, porém, ficou na minha cabeça um bom tempo.

Um dia, de férias em Buenos Aires, senti que não estava lá no auge do meu apetite e que o abuso das carnes começou a pesar. No jantar, lembrando da Nigella, resolvi inovar e pedi um spaghetti alla puttanesca ao invés de um gnocchi sem molho. Sabe aquele com azeitonas pretas e aliche? E não é que caiu bem?

Hoje, lendo um artigo sobre o Ayurveda, medicina indiana milenar, descobri que ele incentiva o uso de alimentos saborosos para uma digestão apropriada. O princípio é o seguinte: o sabor de uma erva existe por um motivo, indica suas propriedades terapêuticas. O sabor afeta diretamente o sistema nervoso, que por sua vez estimula o fogo digestivo, aumentando o poder de digestão. Dessa forma, a medicina Ayurvédica aplica o uso de ervas e temperos corretos para auxílio das funções do estômago- em mais uma amostra de que o arroz sem gosto pode ser substituído.

A medicina indiana é um pouco complicada e inclui conceitos que não cabem aqui, mas você pode tentar uma refeição mais saborosa quando achar que precisa de uma ajudinha. Aquela pequena história de que "faz bem o que te apetece" pode funcionar aqui, é só você acrescentar os temperos que te despertarem o desejo.

Que tal uma salada de folhas, com bastante hortelã e gengibre em julienne? Ou uma massa com um molho de tomates frescos, em pedaços, e muito manjericão e alho ralado? Abuse ainda da versão doce e rale um pouco de gengibre em cima do abacaxi, ou refogue a manga em pedaços com canela e cravo. Seu estômago e paladar vão agradecer.

Abaixo uma receita de salada bastante incomum de um dos melhores livros que conheço, o Celeiro Saladas.

Ingredientes:
Para o molho

-3 colheres (s) de caldo de limão
-1 colher (s) de gengibre fresco, sem casca, picado miúdo
-1 colher (c) de mel
-2 colheres (s) de óleo de girassol
- 2 colheres (s) de azeite de oliva extravirgem
-1 colher (c) de sal marinho

Para a salada

-2 xíc. de feijão preto cozido
-1 e ½ xíc. de cebola roxa cortada em cubo pequeno
-1 e ½ xíc. de queijo de minas cortado em cubos pequenos -2 xíc. de mamãe Bahia cortados em cubos médios -1/2 xíc. de hortelã picada

Modo de preparo:

-Em uma travessa junte todos os ingredientes do molho e bata com um batedor manual
-Junte o feijão e a cebola e misture bem
-Quando for servir junte o mamão, o queijo e a hortelã e misture com cuidado para não quebrar