9.12.08

Deixe-se contagiar

Eu nunca me contagio por esse espírito natalino que mais parece assombrar que alegrar as pessoas. Todos começam a correr em busca de enfeites e as casas ficam atoladas de brinquedinhos feios que saltam das janelas piscando incessantemente e cantando musiquinhas que deveriam inundar nossos corações de amor e esperança.

O desespero de tentar comemorar no final do ano tudo que foi deixado pra trás durante os meses passados, de ver as pessoas que ignoramos por "falta de tempo" ou de celebrar uma nova chance no ano que vem com gente que maldissemos na cozinha do escritório, não é pra mim. Devo confessar, porém, que me rendi às tentações culinárias natalinas e à chance de me deliciar sem culpa.

Se por um lado eu dispenso a correria do Natal e todas as obrigações que aparecem com ela, faço questão de caprichar na ceia e na organização da noite de festança. Isso sim é contagiante.

Na busca por receitas que tornem a ceia de Natal um pouco diferente, sem deixar as tradições de lado, reparei que todos se preocupam com os pratos principais, praticamente ignorando a existência dos acompanhamentos e, especialmente, da sobremesa, afinal de contas é muito fácil comprar um sorvete e uma torta congelada que passar uma horinha montando um doce. Mas, com todo o respeito às "mammas" brasileiras, discordo.

Preparar uma sobremesa que é ao mesmo tempo gostosa, um deleite aos olhos e um presente para seus convidados não precisa ser demorado, ou difícil. Simplifique: compre lindos pêssegos e parta-os ao meio. Coloque em uma assadeira, regue com um bom mel (de preferência aromatizado com laranjeira ou alguma outra flor) e asse no forno já aquecido até que eles fiquem bem macios, quase soltando a casca, mas não deixando desmanchar. Ao tirar de lá você pode salpicar um pouco de raspas da casca de uma laranja. Acrescente lâminas de amêndoas por cima e sirva com um sorvete neutro, ou com um creme de leite fresco batido levemente.

A receita que escolhi para passar aqui como dica para a data tem aparência natalina e gostinho do verão que nos aguarda. Pode ser feita pela manhã, logo antes de você colocar o peru no forno. Não precisa ter experiência na cozinha, basta seguir as instruções.

Torre folhada com creme e frutas

Ingredientes:

- 375g da melhor massa folhada que encontrar
- 250ml de creme de leite fresco
- 100ml de leite condensado
- 350g de morangos e pêssegos, ou framboesas, bananas, ameixas

Modo de preparo:

Abra a massa folhada e corte em 3 tiras compridas de tamanhos iguais. Faça furinhos nelas com um garfo e asse conforme indicado na embalagem.

Enquanto isso, bata o creme de leite até espessar, tomando cuidado para não virar chantilly. Pique as frutas em pedaços pequenos.

Quando a massa estiver assada, comece a montagem. Em uma travessa bonita coloque uma das tiras e sobre ela 1/3 do creme de leite batido mais 1/3 do leite condensado. Cubra com pedaços das frutas picadas. Faça o mesmo até acabar os ingredientes. Para ficar mais bonito, polvilhe açúcar sobre as frutas da última camada, só para criar uma nuvem.

Se quiser criar sobremesas individuais siga o mesmo processo, mas com pedaços menores da massa, que deve ser cortada antes de assar.

22.8.08

Inverno quente


Inverno com 28ºC. O Brasil tem dessas. A parte ruim é que não dá para aproveitar o friozinho, os fondues, as sopas, a lareira. A parte positiva é que dá pra continuar aproveitando as coisas boas do calor. Dá pra ir ao parque passear, pra tomar sorvete, usar a piscina, abusar dos sucos refrescantes e, claro, das saladas.

Outro lado legal é que você pode curtir a preguiça do inverno desfrutando de uma refeição simples e completa. O bom da salada é que ela é bastante versátil. Você pode misturar basicamente de tudo, incluindo aí carboidratos e proteínas.

Quer um exemplo? Que tal uma salada com aquele restinho de frango assado que sobrou do almoço passado? É só desfiar a carne e misturar aos demais ingredientes. Se você é daqueles que sente falta de algo quente na refeição, esquente o frango antes. Misturado ao tempero da salada, ele volta a ganhar vida.

Já se o seu negócio é um carboidrato, é possível misturar um macarrão frio ou qualquer cereal como arroz integral, lentinha ou feijão branco. Um bom pão integral, ou mesmo os italianos, também combinam perfeitamente.

Outro carboidrato que cai no gosto de todo mundo são as batatas. E salada de batatas é uma das melhores. Se você estiver no espírito de cozinhar, pero no mucho, pode atacar de uma salada de mini batatas, ervilhas frescas e bresaola. Ao mesmo tempo que não dá trabalho algum, você fica com aquela sensação de que fez alguma coisa.

É simples. Basta cozinhar as batatas, as ervilhas (bem rapidinho, pra que elas mantenham a cor, crocância e sabor) e alguns ovinhos de codorna (se não tiver, serve de galinha, daqueles caipiras bem bonitos).

Faça um vinagrete simples, com uma boa mostarda, uma colherzinha de tahini, suco de limão, azeite, sal e pimenta. O importante é ir provando o molho, pra ficar bem ao seu gosto e ir corrigindo os sabores.

Misture primeiro as batatas ainda quentes ao vinagrete, depois acrescente as ervilhas, a bresaola (ou presunto cru, copa...), ervas picadas (salsinha e hortelã) e depois os ovinhos já cozidos e partidos ao meio. Voilà! Uma salada linda, elegante e deliciosa.

Agora, se você está sem vontade nenhuma de usar panelas e fazer molhos, simplifique. Use folhas verdes, qualquer uma que você goste, um pouco de milho e atum. Aproveite o óleo do atum, acrescente vinagre balsâmico, limão, sal, pimenta moída. Misture com as mãos para envolver bem os ingredientes no molho. Se precisar, acrescente um pouco de azeite. Coloque no centro uma bela fatia de pão integral e abra um ovo cozido sobre ela.

Uma dica legal é ir ao supermercado e olhar na feira o que está mais fresco. Você pode ver um belo pé de agrião e logo lembrar que manga combina muito bem com ele, ou mexericas, que estão lindas por aí. Algumas fatias finíssimas de parmesão por cima, azeite, limão, sal e pronto.

Assim como as sopas (das quais sou adepta inclusive no calor), as saladas são pratos muitos simples e versáteis. O segredo é você sempre provar o molho e usar ingredientes frescos. Isso já te dá 60% de uma boa refeição.

20.8.08

Savarin!

Após uma ausência razoável, procuro voltar à ativa estimulada por uma descoberta culinária que me enche a boca de água só de pensar.

Através do querido professor Manoel Mattos, fui apresentada ao savarin. Devo cometer um sacrilégio ao descrevê-lo como uma espécie de bolo que é fermentado como pão, mas acredito ser a descrição mais fácil de ser visualizada.

De acordo com o livro “Técnicas de Confeitaria Profissional” –de onde vem a receita que passo abaixo-, o savarin foi criado pelos irmãos confeiteiros de sobrenome Julien, que decidiram reinventar o tradicional baba au rhum, tirando as passas e qualquer aromatizante do prato.

“Uma vez cozida, a massa era mergulhada em uma calda com alguma bebida alcoólica”, descreve o livro. A preparação era então servida acompanhada de chantilly (o que, pra mim, é completamente desnecessário).

O nome Savarin foi dado em homenagem a Brillant-Savarin, grande gastrônomo francês que viveu entre 1755 e 1826, quando escreveu “A fisiologia do Gosto”.

A receita não é difícil, mas requer um pouco de habilidade e paciência. O resultado final é de se ajoelhar. Sua massa é totalmente aerada, deixando um leve sabor fermentado na boca.

O savarin é perfeito para um chá da tarde ou para aquele café da manhã mais demorado, que sempre termina com um gosto docinho.

A dica de livro também é válida. “Técnicas da Confeitaria Profissional” é um grande impulso para aqueles que pretendem sair dos simples recheios de doce de leite e incorporarem no repertório pratos mais sofisticados.

Segue abaixo a receita do fantástico savarin:

Ingredientes:

-500g de farinha de trigo
-140g de manteiga sem sal derretida
-30g de açúcar
-4 ovos
-10g de sal
-120ml de leite morno
-30g de levedura biológica fresca

Para a calda de açúcar:

-750ml de água
-400g de açúcar
-150ml de rum

Modo de Preparo:

-Peneire a farinha em uma tigela
-Em um dos lados da tigela acrescente o açúcar e o sal. Do outro lado a levedura
-Coloque os ovos e depois despeje o leite morno
-Misture energicamente com uma colher até obter uma massa homogênea
-Cubra com um filme plástico, coloque em um local sem corrente de ar (como forno desligado ou microondas). Deixe crescer até dobrar de tamanho
-Retire o filme plástico
-Revolva a massa com uma colher, abaixando-a e retirando os gases
-Acrescente a manteiga derretida morna pouco a pouco
-A massa deve ficar lisa e homogênea
-Passe para uma forma com furo no meio untada com manteiga e deixe crescer em um local aquecido
-Depois de ela ter levedado, leve ao forno a 180ºC para assar.
-Desenforme e deixe esfriar-Enquanto isso, ferva a água e o açúcar. Retire do fogo e junte o rum. Encharque o savarin com essa calda. Se quiser, coloque chantilly no furo central e sirva gelado.

21.5.08

Café com leite, pingado, média, caffè latte....

Não é de hoje que sabemos o quanto o brasileiro gosta de café. Em qualquer canto que você vá, tem sempre uma xicarazinha te esperando. Após o almoço todos tomam um cafezinho, no meio da tarde tem a pausa do café, e assim por diante.

Outro clássico é o café com leite, conhecido também por pingado, ou média (que em alguns cantos do Brasil, na verdade, quer dizer pão). De manhã, se você entrar em uma padaria qualquer, verá que a maior parte das pessoas se delicia com um pão com manteiga e um pingado. Simples assim. Mas não pense que você pode encontrar isso em qualquer canto do mundo.

Tudo bem, café e leite tem em todo lugar, mas nem todos têm o costume de tomá-los juntos. Recentemente, de férias na França, sofri para conseguir meu costumeiro pingado de manhã.

Em Lyon, segunda maior cidade francesa em área urbana, não é comum você ver os "locais" sentarem em um café para degustar seu desjejum. Ao invés, muitos passam em quiosques e pegam seu croissant para viagem. Você até pode pedir um cafe au lait, mas geralmente o que vai receber em troca é uma xícara de café puro e um potinho mínimo de plástico com leite frio. A idéia é que você faça a mistura e se satisfaça com isso.

Já se você descer para a Itália, e gostar tanto de bebidas com café quanto eu, vai se sentir no paraíso. Literalmente. Qualquer casa que você encoste, tem lá uma seleção de cafés pra escolher. Espresso, Ristretto, Caffè Latte, Caffè Macchiato, Latte Macchiato, Cappuccino, Caffè Corretto...

É muito interessante ver o quanto os italianos respeitam o café. No Brasil, por exemplo, é bastante comum você ver nos buffets de café da manhã de hotéis, ou em padarias, uma garrafa térmica. Lá não. Nos hotéis que servem o desjejum, por mais simples que seja, tem uma pessoa só para preparar sua bebida - fresquinha.

A melhor parte, pra mim, é a espuma do leite no Caffè Latte. Perfeita, cremosa, chegando até a ficar espessa. Nunca provei igual em qualquer outro lugar.

Certa vez assisti a uma entrevista com Marco Suplicy, proprietário do Suplicy Café, um especialista na área, quando ele explicou que formar essa espuma chega a ser mais difícil que tirar um bom espresso. Palmas para os italianos, portanto, que não decepcionaram em nenhum momento.

Outro fato interessante de se levantar é a variedade de pó de café vendida nos mercados. Há produto de diversos lugares do mundo (especialmente da América Latina), para diferentes tipos de cafeteira, além do orzo, que nada mais é que cevada torrada e moída, usada em cafeteiras especiais.

Para quem gosta de variedade, os italianos também criaram mil tipos de cafeteiras, nas mais diversas cores, formatos e utilidades - como fazer cappuccino ou caffè latte sozinha. A Bialetti é uma das marcas mais legais.

Vale ainda dizer que o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café, o que, no entanto, não significa que os brasileiros degustem os melhores pós. Segundo Suplicy, são os escandinavos e japoneses que têm esse privilégio, diretamente relacionado à renda per capita dos países.

Se você, aqui no Brasil, quiser tomar o café que os estrangeiros tomam, deve procurar um "tipo exportação", pois nós mandamos para fora nossa melhor produção.

Dica: Começou na última terça-feira, dia 20, uma exposição no Shopping Pátio Higienópolis chamada "Cafés do Mundo", que apresentará as mais diferentes cafeteiras criadas no mundo desde o século passado. O evento termina no próximo dia 31.

19.5.08

(Re)Descobrindo a Itália

Não, não desisti do blog, somente tirei férias. Férias de verdade. Daquelas de ficar quase um mês sem ver a cara de um computador, quando os dedos até enferrujam e você tem que fazer um trabalho de readaptação pra conseguir digitar de novo. Nessa folga, passada além mar, redescobri a culinária italiana.

Devo dizer primeiro que o povo daquele país é bem parecido com as “mammas” retratadas nas novelas brasileiras. Dramáticas e passionais, alegres, geralmente mal-educadas, mas acolhedoras, e sempre, sempre “falando com as mãos”.

Isso se reflete, de certa maneira, na comida local. É impressionante como nós brasileiros podemos nos sentir em casa ao nos sentarmos em uma mesa italiana. É o que se chama hoje de “confort food”.

Um bom prato de macarronada quentinho está no cardápio de boa parte dos países ocidentais. Outro dia, sentada em um restaurante à beira mar no belíssimo litoral de Cinque Terre, percebi que a família na mesa ao lado era dos Estados Unidos. Havia um rapaz com uma cara bem típica de jogador de futebol americano, daqueles que só come “trash food”. Foi fácil perceber que ele não se arriscaria nas iguarias locais e então partiu direto para sua zona de segurança: “A spaghetti al ragu, please”.

Esse é o lado mais acolhedor da comida italiana. Ela recebe todos de braços abertos, oferecendo o que tem de mais fresco, mais saboroso e tradicional, despertando a gula em qualquer hora do dia.

Já a paixão que o italiano tem pela comida local, pelo que nasce e cresce em suas terras, remete ao lado passional do povo. As melhores comidas que você poderá provar no país serão aquelas feitas há gerações na cidade onde você estiver, são os pratos que as mammas ensinaram para seus filhos e que representam o orgulho da família.

Uma vez em Milão, prove o “vero vecchio risotto alla milanese”. Você poderá encontrá-lo no restaurante Il Coriandolo, na Via dell’Orso, centro da cidade. Chegará à sua mesa um prato amarelinho, com um arroz cremoso, no ponto certo. Aproveite o pão do couvert pra não deixar nenhum restinho no prato.

Em Assis, o segredo é aproveitar o strangozzi, uma massa daquela região, meio tortinha, mais grossa, que acompanha bem um molho do famoso e caro tartufo negro. O restaurante Medioevo absorve bem essa tradição, num salão com teto baixo, criando um clima medieval que a cidade já tem, e com um serviço muito simpático.

Agora, se você quiser aproveitar o lado festeiro do italiano, pode atacar uma tradicionalíssima “bistecca alla fiorentina”. Mas já aviso, esse prato não é para qualquer um! A peça de carne de boi pesa sempre perto de 1kg, tem uns 3 dedos de altura e é servida praticamente crua no meio. Extremamente macia, ela tem um sabor natural, fantástico. O mais divertido, porém, é se deliciar com o osso no final –e ver o visinho fazer o mesmo!.

(Re)Descobrir a culinária italiana é também voltar um pouco às nossas origens. Nos faz valorizar o que vem da nossa terra, dos nossos antepassados, a pensar no que realmente importa pra nós.

16.3.08

Códigos e pratos

Por que os restaurantes agora têm mania de fazer seus garçons anotarem os pedidos pelos códigos dos pratos? Não entendo. E não gosto.

Não importa o tipo do estabelecimento: lanchonete, italiano, alemão, pequeno, grande, refinado ou simples. Você pede um penne ao sugo e eles rebatem com uma pergunta: "Qual é o código?", procurando no cardápio que provavelmente está na sua mão.

Outro dia estava em um restaurante muito simpático de Moema, com uma ótima comida italiana, bem feita, barata e bem servida. Éramos uma mesa de sete pessoas. Chega a garçonete para pegar os pedidos: "Pra mim ravióli de espinafre", "Eu quero lasanha verde", "Ah, eu vou querer o Penne à carbonara" e assim por diante. E a garçonete buscando os códigos no cardápio para anotar em seu bloquinho.

Na hora de confirmar, para não ter erro, ela solta: "Então são dois número 355, um número 234, um 456, dois 990 e um 123", certo? Na mesa, olhares confusos. "Certo, fazer o quê?"

Pode até ser que facilite na hora de o restaurante fazer a conta final, mas isso não deveria interferir no diálogo comensal/garçom. Se é importante que os números dos pratos sejam passados para a cozinha, ou mesmo para o computador, que isso seja feito depois de um pedido anotado. Afinal de contas, tudo o que uma pessoa quer quando sai para comer, é sossego.

15.3.08

Golden Door

Alguém já ouviu falar do Projeto Julie/Julia? Uma (louca) norte-americana estava insatisfeita com a vida que levava e decidiu que faria todas as receitas do livro Mastering the Art of French Cook, de Julia Child, durante um ano. Eram 524 receitas.

Julie criou um blog e detalhou todas as suas peripécias no percurso. O projeto fez sucesso e acabou virando um livro. Mas não, não é essa a dica da semana -apesar de ter sido inspirada a partir da leitura deste livro.

A dica é do Purely Golden Door, um livro realizado por um spa australiano, que busca o bem-estar através da alimentação adequada, exercícios físicos e relaxamento. No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, a comida indicada por ele está longe de ser sem graça, ou parecida com um regime.

O que o livro de Julie tem com isso? Bom, ele me inspirou a testar os ensinamentos do Purely Golden Door. Durante o próximo mês, durante todas as minhas refeições em casa, prepararei um de seus pratos, pelo menos, para ver se consigo resultados reais. No final do projeto conto aqui o resultado.

E quais são esses ensinamentos? Muitos, a começar pela forma como nos alimentamos. Segundo seus autores, devemos diminuir o número de carboidratos processados do nosso dia-a-dia, como farinha branca e açúcar, trocando-os pelos integrais. Ainda pregam que é necessário cerca de 1 a 2 gramas de proteína por dia (carne, por exemplo) por peso do corpo, e explicam que, mantendo seu índice glicêmico estável, você se sente saciado por mais tempo e não tem "aquela vontade incontrolável" de comer doce.

No livro (lindíssimo visualmente, por sinal) há receitas do café da manhã à sobremesa do jantar. Para elas são usados ingredientes saudáveis, integrais, pouco açúcar, sal e nenhuma comida processada. Você pode fazer desde muffin até chilli para sua "noite mexicana".

Os chefs do spa indicam métodos mais saudáveis de preparação dos alimentos, como, por exemplo, refogar a cebola com água, ao invés de óleo. Ao final de cada receita, há um serviço nutricional, com calorias, quantidade de proteína, carboidratos, fibras e sódio do prato.

Dá para passar (muita) vontade no site do spa.

24.2.08


Essa não poderia deixar de comentar. Que tem muita gente louca nesse mundo, todo mundo já sabe, mas tem uns que apelam.

No último sábado, estava trabalhando tranquilamente, vendo a chuva cair pela janela, quando topei com uma notícia curiosa: “Uma Ferrari muito doce”, dizia a manchete de um jornal italiano.

Uma foto grande exibia uma Ferrari F2008 (modelo que a escuderia de Fórmula 1 vai usar nesta temporada) em tamanho natural, real, escala 1:1, feita de nada menos que chocolate.

No total, 25 chefs confeiteiros voluntários trabalharam 400 horas cada um durante seis meses para produzir a obra. Neste domingo, o carro de chocolate, que pesa 2008 kg, seria destruído e, aos pedaços, distribuídos para os visitantes da exposição da qual participava. Uma pena.

22.2.08

O Carlota da Carla

Se no post anterior falei de um livro inspirador, achei que desta vez não poderia baixar a bola. O adjetivo se encaixa perfeitamente para “Carlota – Balaio de Sabores”, de Carla Pernambuco, uma cozinheira iluminada.

Num primeiro olhar você pode se sentir intimidado por eles (livro e autora). A cozinha inventiva pode parecer que pertence às quatro paredes de um restaurante e não à sua apertada pia com facas mal afiadas. Os ingredientes sofisticados parecem caros demais, e a apresentação, trabalho para um artesão. Mas é só olhar uma segunda vez.

Se você olhar de novo, verá um caldeirão de idéias, técnicas, e muitas novidades com uma simplicidade desconcertante.

Quem imaginaria que no livro de uma chef tão bem conceituada como Carla Pernambuco você poderia encontrar uma receita de arroz e feijão, daqueles que você quer comer quando sente falta de casa? E que algumas páginas mais à frente você aprenderia a fazer um dim sum e um kulfi?

O “Carlota” é um livro para aqueles dias em que você está com o coração apertado, querendo aquele impulsozinho externo para continuar. E aí você pode ir direto para a página 50 que logo abaixo da receita de ovos nevados você vai encontrar a cocada. Branquinha, macia, suculenta.

Por outro lado, a obra também serve para quando você está pulando de alegria, pra quando não consegue segurar o sorriso e volta para casa sonhando. Nessas horas dá para aproveitar a receita de salada de papaia verde, ou o toucinho-do-céu.

Passeando pelos capítulos de “Carlota”, você revisita (essa palavra está na moda) clássicos do restaurante de mesmo nome, como o rolinho de pato pequim, ou o copiado suflê de goiabada com calda de catupiry. Há ainda a seção de pratos brasileiros, italianos, orientais...

Um dos meus preferidos é o “O que é isso?”. Nele, você não apenas aprende o que é balik e centolla, como também acompanha receitas que te iniciarão num mundo à parte. Agora, se você já é um expert, pode dar uma paradinha no capítulo “Namoricos de sofá” e se deliciar (e deliciar ao outro, claro) com uma frigideira de cogumelos e requeijão com pão sueco, ou com figos assados com vinagre balsâmico e gelado de passas ao rum.

O livro dá chances até para aqueles que são mais práticos, ou que têm menos prática, e ataca com uma torta de liquidificador e um rocambole de pão de folha.

Por mais que o “Carlota” já tenha deixado de ser novidade nas prateleiras das livrarias, é um livro que vai estar sempre lá, de “janelas abertas”, como diz a introdução, para te receber, te acolher e alimentar o espírito.

Abaixo, a receita de cocada.

Ingredientes

-1 lata de leite condensado
- a mesma quantidade de açúcar
- 1 col. (sopa) de manteiga sem sal
- 100g de coco fresco ralado

Modo de Preparo:

- Junte todos os ingredientes, misture bem e leve ao fogo médio
- Mexa sem parar. Quando começar a desgrudar do fundo da panela, retire do fogo e bata vigorosamente por cerca de 8 minutos: formará uma massa pesada. Espalhe em mármore ou assadeira untada com manteiga, e, depois de fria, corte em quadradinhos.

PS- Fica um charme quando você embrulha uma a uma em papel de seda, junta algumas num saquinho transparente e amarra com uma fita bonita.

5.2.08

Livros para comer

Livros são uma delícia. Eles podem estimular a sua imaginação, fazê-lo chorar, rir, ajudar a dormir, ensinar e, claro, abrir o apetite. Pra mim, tem pouca coisa melhor que sentar com um bom livro nas mãos, repleto de fotos, para escolher minha próxima refeição.

Tem aqueles que são clássicos e seguem uma regra. Por exemplo: Menu italiano, que vai do antipasto ao dolce; ou Vegetariano, com pratos que você nem consegue imaginar como podem ficar sem carne, mas que no final das contas, são uma delícia. Há ainda as miscelâneas, livros que tentam ter um tema como "pratos rápidos" ou "pratos fáceis", mas que no fundo são apenas uma compilação de receitas.

Os meus preferidos são os bem-editados. É óbvio que é fundamental ter boas receitas, que funcionem e sejam saborosas, mas um visual atraente faz toda a diferença, ou você nunca ouviu falar do "comer com os olhos"?

Para quem realmente gosta de seguir receitas, mesmo que seja para alterá-las no decorrer do cozimento dependendo da necessidade, livros com boas fotos, uma letra clara e uma boa explicação do "modo de preparo" atiçam o paladar e estimulam o cozinheiro a ir para o fogão.

Outro dia, parada na seção de gastronomia de uma livraria, vi um casal procurando um livro de comida vegetariana. Eles tinham uns três nas mãos e não conseguiam se decidir. Tive que me segurar para não interferir na escolha e já sugerir alguns dos meus favoritos.

Depois foi a vez de uma mulher pedir uma sugestão para a vendedora e eu, intrometida, querer dizer: "Não... olha esse aqui que você não vai se arrepender. Vai por mim!".

A partir desse episódio veio a idéia de fazer aqui no Con Gusto uma sugestão semanal de livro. Você pode, ou não, levar em consideração, mas tenha a certeza de que todos são escolhidos com cuidado, lidos e relidos.

Para começar, quero relembrar do "Cozinhando para Amigos", livro de Heloisa Bacelar. Já falei sobre ele (clique aqui e leia abaixo no post de 03/03/2007) e não me canso de dizer que é inspirador. Nele você encontra receitas, idéias e sensações para todas as ocasiões, com um texto dedicado e cuidadoso da autora.

27.1.08

Sabores que despertam a digestão

Desde criança somos acostumados a comer um arrozinho sem tempero, ou um purê de batatas sem sal e sem manteiga quando não estamos muito bem do estômago. Comidinhas insossas nos ajudam a digerir o que não está fazendo bem, dão um refresco para o estômago, certo? Não necessariamente.

Num outro dia, ao assistir o programa da Nigella, esse meu conceito mudou. Ela dizia que quando abusa em um dia, gosta de comer algo saudável, mas de sabor forte, no dia seguinte, para se "recuperar".

Achei aquilo um pouco estranho e imaginei meu estômago rejeitando qualquer coisa mais forte em seus momentos de frescura. A história, porém, ficou na minha cabeça um bom tempo.

Um dia, de férias em Buenos Aires, senti que não estava lá no auge do meu apetite e que o abuso das carnes começou a pesar. No jantar, lembrando da Nigella, resolvi inovar e pedi um spaghetti alla puttanesca ao invés de um gnocchi sem molho. Sabe aquele com azeitonas pretas e aliche? E não é que caiu bem?

Hoje, lendo um artigo sobre o Ayurveda, medicina indiana milenar, descobri que ele incentiva o uso de alimentos saborosos para uma digestão apropriada. O princípio é o seguinte: o sabor de uma erva existe por um motivo, indica suas propriedades terapêuticas. O sabor afeta diretamente o sistema nervoso, que por sua vez estimula o fogo digestivo, aumentando o poder de digestão. Dessa forma, a medicina Ayurvédica aplica o uso de ervas e temperos corretos para auxílio das funções do estômago- em mais uma amostra de que o arroz sem gosto pode ser substituído.

A medicina indiana é um pouco complicada e inclui conceitos que não cabem aqui, mas você pode tentar uma refeição mais saborosa quando achar que precisa de uma ajudinha. Aquela pequena história de que "faz bem o que te apetece" pode funcionar aqui, é só você acrescentar os temperos que te despertarem o desejo.

Que tal uma salada de folhas, com bastante hortelã e gengibre em julienne? Ou uma massa com um molho de tomates frescos, em pedaços, e muito manjericão e alho ralado? Abuse ainda da versão doce e rale um pouco de gengibre em cima do abacaxi, ou refogue a manga em pedaços com canela e cravo. Seu estômago e paladar vão agradecer.

Abaixo uma receita de salada bastante incomum de um dos melhores livros que conheço, o Celeiro Saladas.

Ingredientes:
Para o molho

-3 colheres (s) de caldo de limão
-1 colher (s) de gengibre fresco, sem casca, picado miúdo
-1 colher (c) de mel
-2 colheres (s) de óleo de girassol
- 2 colheres (s) de azeite de oliva extravirgem
-1 colher (c) de sal marinho

Para a salada

-2 xíc. de feijão preto cozido
-1 e ½ xíc. de cebola roxa cortada em cubo pequeno
-1 e ½ xíc. de queijo de minas cortado em cubos pequenos -2 xíc. de mamãe Bahia cortados em cubos médios -1/2 xíc. de hortelã picada

Modo de preparo:

-Em uma travessa junte todos os ingredientes do molho e bata com um batedor manual
-Junte o feijão e a cebola e misture bem
-Quando for servir junte o mamão, o queijo e a hortelã e misture com cuidado para não quebrar