22.8.08

Inverno quente


Inverno com 28ºC. O Brasil tem dessas. A parte ruim é que não dá para aproveitar o friozinho, os fondues, as sopas, a lareira. A parte positiva é que dá pra continuar aproveitando as coisas boas do calor. Dá pra ir ao parque passear, pra tomar sorvete, usar a piscina, abusar dos sucos refrescantes e, claro, das saladas.

Outro lado legal é que você pode curtir a preguiça do inverno desfrutando de uma refeição simples e completa. O bom da salada é que ela é bastante versátil. Você pode misturar basicamente de tudo, incluindo aí carboidratos e proteínas.

Quer um exemplo? Que tal uma salada com aquele restinho de frango assado que sobrou do almoço passado? É só desfiar a carne e misturar aos demais ingredientes. Se você é daqueles que sente falta de algo quente na refeição, esquente o frango antes. Misturado ao tempero da salada, ele volta a ganhar vida.

Já se o seu negócio é um carboidrato, é possível misturar um macarrão frio ou qualquer cereal como arroz integral, lentinha ou feijão branco. Um bom pão integral, ou mesmo os italianos, também combinam perfeitamente.

Outro carboidrato que cai no gosto de todo mundo são as batatas. E salada de batatas é uma das melhores. Se você estiver no espírito de cozinhar, pero no mucho, pode atacar de uma salada de mini batatas, ervilhas frescas e bresaola. Ao mesmo tempo que não dá trabalho algum, você fica com aquela sensação de que fez alguma coisa.

É simples. Basta cozinhar as batatas, as ervilhas (bem rapidinho, pra que elas mantenham a cor, crocância e sabor) e alguns ovinhos de codorna (se não tiver, serve de galinha, daqueles caipiras bem bonitos).

Faça um vinagrete simples, com uma boa mostarda, uma colherzinha de tahini, suco de limão, azeite, sal e pimenta. O importante é ir provando o molho, pra ficar bem ao seu gosto e ir corrigindo os sabores.

Misture primeiro as batatas ainda quentes ao vinagrete, depois acrescente as ervilhas, a bresaola (ou presunto cru, copa...), ervas picadas (salsinha e hortelã) e depois os ovinhos já cozidos e partidos ao meio. Voilà! Uma salada linda, elegante e deliciosa.

Agora, se você está sem vontade nenhuma de usar panelas e fazer molhos, simplifique. Use folhas verdes, qualquer uma que você goste, um pouco de milho e atum. Aproveite o óleo do atum, acrescente vinagre balsâmico, limão, sal, pimenta moída. Misture com as mãos para envolver bem os ingredientes no molho. Se precisar, acrescente um pouco de azeite. Coloque no centro uma bela fatia de pão integral e abra um ovo cozido sobre ela.

Uma dica legal é ir ao supermercado e olhar na feira o que está mais fresco. Você pode ver um belo pé de agrião e logo lembrar que manga combina muito bem com ele, ou mexericas, que estão lindas por aí. Algumas fatias finíssimas de parmesão por cima, azeite, limão, sal e pronto.

Assim como as sopas (das quais sou adepta inclusive no calor), as saladas são pratos muitos simples e versáteis. O segredo é você sempre provar o molho e usar ingredientes frescos. Isso já te dá 60% de uma boa refeição.

20.8.08

Savarin!

Após uma ausência razoável, procuro voltar à ativa estimulada por uma descoberta culinária que me enche a boca de água só de pensar.

Através do querido professor Manoel Mattos, fui apresentada ao savarin. Devo cometer um sacrilégio ao descrevê-lo como uma espécie de bolo que é fermentado como pão, mas acredito ser a descrição mais fácil de ser visualizada.

De acordo com o livro “Técnicas de Confeitaria Profissional” –de onde vem a receita que passo abaixo-, o savarin foi criado pelos irmãos confeiteiros de sobrenome Julien, que decidiram reinventar o tradicional baba au rhum, tirando as passas e qualquer aromatizante do prato.

“Uma vez cozida, a massa era mergulhada em uma calda com alguma bebida alcoólica”, descreve o livro. A preparação era então servida acompanhada de chantilly (o que, pra mim, é completamente desnecessário).

O nome Savarin foi dado em homenagem a Brillant-Savarin, grande gastrônomo francês que viveu entre 1755 e 1826, quando escreveu “A fisiologia do Gosto”.

A receita não é difícil, mas requer um pouco de habilidade e paciência. O resultado final é de se ajoelhar. Sua massa é totalmente aerada, deixando um leve sabor fermentado na boca.

O savarin é perfeito para um chá da tarde ou para aquele café da manhã mais demorado, que sempre termina com um gosto docinho.

A dica de livro também é válida. “Técnicas da Confeitaria Profissional” é um grande impulso para aqueles que pretendem sair dos simples recheios de doce de leite e incorporarem no repertório pratos mais sofisticados.

Segue abaixo a receita do fantástico savarin:

Ingredientes:

-500g de farinha de trigo
-140g de manteiga sem sal derretida
-30g de açúcar
-4 ovos
-10g de sal
-120ml de leite morno
-30g de levedura biológica fresca

Para a calda de açúcar:

-750ml de água
-400g de açúcar
-150ml de rum

Modo de Preparo:

-Peneire a farinha em uma tigela
-Em um dos lados da tigela acrescente o açúcar e o sal. Do outro lado a levedura
-Coloque os ovos e depois despeje o leite morno
-Misture energicamente com uma colher até obter uma massa homogênea
-Cubra com um filme plástico, coloque em um local sem corrente de ar (como forno desligado ou microondas). Deixe crescer até dobrar de tamanho
-Retire o filme plástico
-Revolva a massa com uma colher, abaixando-a e retirando os gases
-Acrescente a manteiga derretida morna pouco a pouco
-A massa deve ficar lisa e homogênea
-Passe para uma forma com furo no meio untada com manteiga e deixe crescer em um local aquecido
-Depois de ela ter levedado, leve ao forno a 180ºC para assar.
-Desenforme e deixe esfriar-Enquanto isso, ferva a água e o açúcar. Retire do fogo e junte o rum. Encharque o savarin com essa calda. Se quiser, coloque chantilly no furo central e sirva gelado.