24.10.07

Uma idéia pra variar

O aspargo é um ingrediente recorrente nas receitas "gringas", especialmente dos chefs europeus. Eles parecem se deliciar quando é época do vegetal e mostram em seus programas as feiras de rua repletas de tubinhos verdes e pontudos.

Muitos nos ensinam a escolher os melhores: eles não podem ter flores ou brotos, devem ter uma cor verde uniforme e estarem firmes. Os menores são os mais saborosos.

Mas aí eu pergunto, de que adianta isso para os brasileiros? Sempre foi bastante complicado (e caro) encontrar bons aspargos frescos em nossos mercados e feiras, e os enlatados não nos servem para muitos pratos, são amarelos, opacos e pouco apetitosos.

São Paulo, no entanto, é uma cidade maravilhosa. Se você procura, é bastante fácil fazer descobertas que podem mudar sua vida - de certa maneira.

Assunto recorrente, o bairro da Liberdade mais uma vez salta na sua frente e te faz parar. É muito fácil encontrar em seus mercadinhos maços de aspargos frescos bem bonitos, verdinhos e arrumadinhos em prateleiras refrigeradas ou mesmo em caixotes na calçada. E o melhor, com bons preços.

É verdade que a maioria dos sacolões chiques de bairro já vende o vegetal fresco, mas nem sempre eles estão bonitos e podem chegar a custar 40% mais caro.

De uma forma, ou de outra, a receita abaixo deverá te inspirar para comprar o aspargo, seja no mercado chique, seja em uma lojinha da Liberdade. O importante é que os ingredientes sejam bons e bem manipulados.

Com o calor que se anuncia para o final deste ano, este risoto é uma opção bastante refrescante e que não deixa peso na consciência. Saudável e bonito, ele é muito convidativo para um almoço no jardim.

Risoto de aspargos, ervilhas e hortelã

Ingredientes:

455g de aspargos (Apare os aspargos desde a ponta até a base. Remova a base do talo e descarte. Corte as pontas e deixe-as de molho em água com sal até ficarem macias. Pique os talos grosseiramente)
340g de ervilhas frescas ou congeladas (Deixe as ervilhas (frescas) de molho na água -desta vez sem sal- até ficarem tenras)
1 punhado de hortelã fresca sem talo e bem picada
1L de caldo de galinha
1 col. (sopa) de azeite
2 cebolas bem picadinhas
½ cabeça de salsão bem picada
2 dentes de alho bem picados
400 g de arroz arbóreo
100 ml de vinho branco
70g de manteiga
100 g de parmesão

Modo de Preparo:

Esquente o caldo.
Em outra panela aqueça o azeite e refogue a cebola, o salsão e uma pitada de sal. Deixe uns 3 minutos e acrescente o alho. Mexa e deixe mais uns 2 minutos. Quando tudo estiver tenro, acrescente o arroz e mexa constantemente, mas devagar. Não saia de perto da panela. Se perceber que está muito quente, abaixe o fogo.

O arroz vai começar a ficar transparente. Quando isso acontecer, acrescente o vinho e deixe evaporar. O perfume é ótimo!

Agora acrescente os talos dos aspargos e metade das ervilhas. Coloque a primeira concha de caldo quente. Misture lentamente. Acrescente um pouco de sal. Vá acrescentando caldo conforme ele for secando, mexendo para ele ser incorporado ao arroz. Vá testando o sal no decorrer do cozimento (não se esqueça que ainda vai parmesão na receita).

Quando o arroz estiver cozido, mas ainda com uma leve consistência, desligue o fogo. Acrescente as pontas de aspargos, o restante das ervilhas e a hortelã. Adicione ainda a manteiga e metade do parmesão. Misture. Perceba como a manteiga dá brilho ao risoto. Sirva imediatamente salpicado com o restante do parmesão ralado.

3.10.07

Tem situações na vida que realmente não têm preço. Parece frase feita e chega até a ser brega, mas é verdade. Outro dia, uma amiga que está morando em Londres enviou umas fotos de um esquilinho que apareceu em seu quintal. Ele comeu algumas nozes e se mandou. A cena despertou em mim a mesma sensação de quando a natureza interrompe o meu dia como se falasse para eu parar um pouco e respirar.

Na correria da manhã, por exemplo, não tem nada melhor que tomar café sentada, ouvindo os passarinhos cantarem no jardim. Dá até para saber se está acontecendo alguma coisa errada com eles, pela intensidade e ritmo dos assobios.

Passar de carro ou ônibus por uma árvore muito florida e torcer o pescoço para olhar para ela por mais tempo, ou observar uma flor que cai do galho como se fosse um sino e que você nunca tinha reparado que estava ali, também são momentos que me fazem ganhar o dia.

O melhor de tudo é que essas "vitórias" vêm de coisas pequenas, frutos de nossos esforços. Ver que seu bolo cresceu e se manteve cheio depois de frio é uma conquista. Transformar aquela fruta bonita e suculenta em geléia e passá-la sobre um pão fresco, recém saído do forno é outra.

Mas não é preciso nem mesmo cozinhar para sentir os prazeres da mesa e interromper o dia com um suspiro. Ali na Bela Cintra tem uma padaria minúscula, mas sofisticada, que faz uma fornada por dia. Se você chegar no fim da tarde, corre o risco de não ter quase nada para comer. Há pães, bolos e salgados de derreter na boca. O nome é P.A.O. (Padaria Artesanal Orgânica). Prove o pão de azeitonas e azeite. Você não vai querer parar de comer.

Depois, inspirado, vá para casa e tente fazer um de sua preferência. Quando ele sair fumegando do forno, coma uma fatia com uma manteiga aromática por cima e outra com uma geléia de jabuticaba, aproveitando a época. Pare, respire. Você acabou de ganhar o dia.

Geléia de jabuticaba

Ingredientes:
- quanto baste de jabuticaba
- quanto baste de açúcar
- 1 litro(s) de água

Modo de preparo:

Coloque as jabuticabas em uma tigela e amasse bem com as mãos ou com um pilão. Leve ao fogo numa panela grande, com um pouco de água. Deixe que cozinhem até que estejam macias. Passe numa peneira, para obter um purê das jabuticabas. Descarte os caroços e partes mais duras que não consiga fazer passar pela peneira.

Meça a quantidade de massa por xícaras ou copos. Volte a massa à panela, junte açúcar (para cada medida de purê de jabuticaba, coloque uma igual de açúcar). Leve ao fogo, mexendo sempre, até engrossar. Coloque em vidros esterilizados e deixe 10 minutos em banho-maria, depois de tampá-los.