7.5.07

Uma refeição pode ser emocionante?

Você já se emocionou comendo? Será que isto é possível? Bom, pra mim é. Pelo menos foi, uma vez.

Faz um mês, mais ou menos. Fui jantar num restaurante nos Jardins, em São Paulo, que se chama La Risotteria, do Alessandro Segato. Cheguei imaginando se tratar de um restaurante mais simples, tipo bistrô, com clima aconchegante, moderno e clean. Encontrei o oposto.

O restaurante é caprichado, chique. As pessoas, a maioria acima dos 50, também são chiques. Apesar de usar aparatos mais descontraídos, como raladores no lugar de lustres, e garrafas usadas na decoração das janelas, ele ostenta riqueza em itens como copos e taças, mesas e cadeiras, e na própria arquitetura do prédio.

Sentei acanhada no meu lugar e comecei a ver o cardápio. Em um restaurante chamado La Risotteria eu nem pesava em pedir algo diferente de um risoto. Tinha que provar o risoto, mas antes, tinham o couvert e a entrada.

Foi possível ver que o couvert era caprichosamente pensado. Mini-legumes crus servidos em taças lindas, pãezinhos quentinhos e diferentes, vira-e-mexe renovados pelo garçon, grisinis, e dois diferentes tipos de patês já dão a idéia de que a refeição será especial.

Para entrada pedimos uma salada de maça, salsão, frutos do mar, mel e gengibre. Saborosíssima, ela vem servida dentro de uma maçã verde, muito charmoso. O doce do mel misturado com o sabor peculiar do salsão é uma combinação inesperada e de sucesso.

Como prato principal pedimos dois risotos. Um de carne de caça e cogumelo porcini e (é aqui que entra a emoção) um de cogumelos frescos do bosque e foie gras fresco. O primeiro estava muito gostoso. Pesado, com gosto de carne de caça mesmo, forte, e com cogumelos em abundância.

Já o segundo foi emocionante - literalmente. O único e pequeno pedaço de foie gras que tinha no prato de arroz valeu toda a refeição. Fresco, como dizia o cardápio, ele tinha o sabor mais incrível que já provei. Intenso, salgado, levemente picante e com aquele gosto indescritível que só as coisas incríveis têm. Não era qualquer foie gras, ele sumiu na boca aos poucos, e me deu lágrimas nos olhos.

Depois disso, a sobremesa era desnecessária, até não recomendável. O melhor seria permanecer com aquele sabor na boca. Mas graças à Deus eu pedi um doce. O meu foi o tiramissú. Clássico, receita de Veneza. A massa era fina, apenas na base. O restante era creme de mascarpone, muito leve, derretia na boca. Perfeito para encerrar uma refeição emocionante. O café? Este eu dispensei, mas os que o pediram recebiam junto uma taça com balinhas coloridas de goma. Um charme.

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