24.2.08


Essa não poderia deixar de comentar. Que tem muita gente louca nesse mundo, todo mundo já sabe, mas tem uns que apelam.

No último sábado, estava trabalhando tranquilamente, vendo a chuva cair pela janela, quando topei com uma notícia curiosa: “Uma Ferrari muito doce”, dizia a manchete de um jornal italiano.

Uma foto grande exibia uma Ferrari F2008 (modelo que a escuderia de Fórmula 1 vai usar nesta temporada) em tamanho natural, real, escala 1:1, feita de nada menos que chocolate.

No total, 25 chefs confeiteiros voluntários trabalharam 400 horas cada um durante seis meses para produzir a obra. Neste domingo, o carro de chocolate, que pesa 2008 kg, seria destruído e, aos pedaços, distribuídos para os visitantes da exposição da qual participava. Uma pena.

22.2.08

O Carlota da Carla

Se no post anterior falei de um livro inspirador, achei que desta vez não poderia baixar a bola. O adjetivo se encaixa perfeitamente para “Carlota – Balaio de Sabores”, de Carla Pernambuco, uma cozinheira iluminada.

Num primeiro olhar você pode se sentir intimidado por eles (livro e autora). A cozinha inventiva pode parecer que pertence às quatro paredes de um restaurante e não à sua apertada pia com facas mal afiadas. Os ingredientes sofisticados parecem caros demais, e a apresentação, trabalho para um artesão. Mas é só olhar uma segunda vez.

Se você olhar de novo, verá um caldeirão de idéias, técnicas, e muitas novidades com uma simplicidade desconcertante.

Quem imaginaria que no livro de uma chef tão bem conceituada como Carla Pernambuco você poderia encontrar uma receita de arroz e feijão, daqueles que você quer comer quando sente falta de casa? E que algumas páginas mais à frente você aprenderia a fazer um dim sum e um kulfi?

O “Carlota” é um livro para aqueles dias em que você está com o coração apertado, querendo aquele impulsozinho externo para continuar. E aí você pode ir direto para a página 50 que logo abaixo da receita de ovos nevados você vai encontrar a cocada. Branquinha, macia, suculenta.

Por outro lado, a obra também serve para quando você está pulando de alegria, pra quando não consegue segurar o sorriso e volta para casa sonhando. Nessas horas dá para aproveitar a receita de salada de papaia verde, ou o toucinho-do-céu.

Passeando pelos capítulos de “Carlota”, você revisita (essa palavra está na moda) clássicos do restaurante de mesmo nome, como o rolinho de pato pequim, ou o copiado suflê de goiabada com calda de catupiry. Há ainda a seção de pratos brasileiros, italianos, orientais...

Um dos meus preferidos é o “O que é isso?”. Nele, você não apenas aprende o que é balik e centolla, como também acompanha receitas que te iniciarão num mundo à parte. Agora, se você já é um expert, pode dar uma paradinha no capítulo “Namoricos de sofá” e se deliciar (e deliciar ao outro, claro) com uma frigideira de cogumelos e requeijão com pão sueco, ou com figos assados com vinagre balsâmico e gelado de passas ao rum.

O livro dá chances até para aqueles que são mais práticos, ou que têm menos prática, e ataca com uma torta de liquidificador e um rocambole de pão de folha.

Por mais que o “Carlota” já tenha deixado de ser novidade nas prateleiras das livrarias, é um livro que vai estar sempre lá, de “janelas abertas”, como diz a introdução, para te receber, te acolher e alimentar o espírito.

Abaixo, a receita de cocada.

Ingredientes

-1 lata de leite condensado
- a mesma quantidade de açúcar
- 1 col. (sopa) de manteiga sem sal
- 100g de coco fresco ralado

Modo de Preparo:

- Junte todos os ingredientes, misture bem e leve ao fogo médio
- Mexa sem parar. Quando começar a desgrudar do fundo da panela, retire do fogo e bata vigorosamente por cerca de 8 minutos: formará uma massa pesada. Espalhe em mármore ou assadeira untada com manteiga, e, depois de fria, corte em quadradinhos.

PS- Fica um charme quando você embrulha uma a uma em papel de seda, junta algumas num saquinho transparente e amarra com uma fita bonita.

5.2.08

Livros para comer

Livros são uma delícia. Eles podem estimular a sua imaginação, fazê-lo chorar, rir, ajudar a dormir, ensinar e, claro, abrir o apetite. Pra mim, tem pouca coisa melhor que sentar com um bom livro nas mãos, repleto de fotos, para escolher minha próxima refeição.

Tem aqueles que são clássicos e seguem uma regra. Por exemplo: Menu italiano, que vai do antipasto ao dolce; ou Vegetariano, com pratos que você nem consegue imaginar como podem ficar sem carne, mas que no final das contas, são uma delícia. Há ainda as miscelâneas, livros que tentam ter um tema como "pratos rápidos" ou "pratos fáceis", mas que no fundo são apenas uma compilação de receitas.

Os meus preferidos são os bem-editados. É óbvio que é fundamental ter boas receitas, que funcionem e sejam saborosas, mas um visual atraente faz toda a diferença, ou você nunca ouviu falar do "comer com os olhos"?

Para quem realmente gosta de seguir receitas, mesmo que seja para alterá-las no decorrer do cozimento dependendo da necessidade, livros com boas fotos, uma letra clara e uma boa explicação do "modo de preparo" atiçam o paladar e estimulam o cozinheiro a ir para o fogão.

Outro dia, parada na seção de gastronomia de uma livraria, vi um casal procurando um livro de comida vegetariana. Eles tinham uns três nas mãos e não conseguiam se decidir. Tive que me segurar para não interferir na escolha e já sugerir alguns dos meus favoritos.

Depois foi a vez de uma mulher pedir uma sugestão para a vendedora e eu, intrometida, querer dizer: "Não... olha esse aqui que você não vai se arrepender. Vai por mim!".

A partir desse episódio veio a idéia de fazer aqui no Con Gusto uma sugestão semanal de livro. Você pode, ou não, levar em consideração, mas tenha a certeza de que todos são escolhidos com cuidado, lidos e relidos.

Para começar, quero relembrar do "Cozinhando para Amigos", livro de Heloisa Bacelar. Já falei sobre ele (clique aqui e leia abaixo no post de 03/03/2007) e não me canso de dizer que é inspirador. Nele você encontra receitas, idéias e sensações para todas as ocasiões, com um texto dedicado e cuidadoso da autora.