24.1.07

Cinema discute gastronomia como arte


Como é óbvio, boa comida e prazer em cozinhar é uma coisa muito presente no meu dia a dia, mas o que não é tão claro aqui neste espaço é que o cinema ocupa uma parte quase do mesmo tamanho na minha vida. Eu leio e converso sobre cinema diariamente e aprendo cada vez mais sobre o assunto, mesmo que involuntariamente. Daí meu interesse por um evento que acontecerá em fevereiro, o Festival de Cinema de Berlim, na Alemanha.

O evento já está entrando em sua 57ª edição e, neste ano assim como em 2006 dedicará uma parte de sua programação para a gastronomia. Além de exibirem longas, curtas e documentários sobre o assunto, os organizadores também criaram um restaurante especialmente para a ocasião.

Neste espaço, alguns dos melhores chefes da Alemanha e diretores do movimento Slow Food darão palestras, participarão de debates e, claro, demonstrarão suas criações. Infelizmente, pra mim pelo menos, o acesso é bastante restrito. Somente os credenciados e portadores de convites poderão participar desses eventos.

Mas o mais importante é que a gastronomia será discutida como arte, e isso já transparece no discurso de Dieter Kosslick, diretor do festival. “A culinária existe para transformar ingredientes em pratos deliciosos, e para encantar as pessoas com sua arte – igual a diretores e atores com seus filmes.”

Todos os assuntos escolhidos para serem discutidos, bem como os pratos criados para serem degustados no restaurante foram norteados pela filosofia do slow food: bom, limpo e justo. A organização sem fins lucrativos, que foi fundada em 1989, apóia a produção sustentável, o comércio justo e os ingredientes mais saborosos, claro.

O responsável pela escolha dos temas foi Otto Geisel, presidente do Slow Food na Alemanha. Ele contará com o presidente mundial da organização, Carlo Petrini, que participará de alguns debates e palestras.

No último dia do evento, que vai de 11 a 16 de fevereiro, a discussão se voltará para refeições escolares. O filme “Fast Food Nation”, de Richard Linklater, que trata do assunto, será exibido, remetendo a um movimento recente na Inglaterra, iniciado pelo chef “super pop” Jamie Oliver que tentou revolucionar a merenda servida nas escolas públicas ao introduzir alimentos mais saudáveis.

Para os interessados, ingressos já começaram a ser vendidos. Pegue mais informações no site oficial do Festival de Berlim aqui.

18.1.07

Vontade de um hambúguer?

Tem dias em que a gente fica com vontade de comer um lanche daqueles bem gordurosos, que sabemos que irá colaborar para entupir nossas veias no futuro. O pão, o hambúrguer no ponto, a maionese, o tomate (pra parecer saudável) e o bacon crocante. Nada mais satisfatório que matar essa necessidade, esse pedido do nosso corpo.

Depois vem a culpa regada à coca-cola que ajudou a colocar garganta abaixo isso tudo. Sem esquecer das batatas fritas, claro, que colaboram mais um pouquinho com o cenário assustador.

Em meu último plantão, no entanto, eu encontrei uma alternativa mais saudável física e psicologicamente. O hambúrguer vegetariano. Pois é, não é para torcer o nariz, é extremamente saboroso e ao mesmo tempo mata aquela necessidade de junk food.

Fui tentar copiar um lanche da lanchonete América. Ele tinha o hambúrguer de grãos, pão integral, rúcula, tomate e coalhada seca. Foi simples até, e ficou bastante parecido e igualmente saboroso.

Além de o hambúrguer ser assado, o que elimina um dos nossos piores vilões, a fritura, deixamos de lado a maionese e a trocamos pela coalhada, que é mais saudável, ganhando em sabor e textura. Uma ótima pedida para quando você vai receber amigos em casa para uma noitada de filme, ou quando simplesmente bate aquela necessidade de um lanchinho.

Ingredientes:

- 400g de soja cozida e amassada (ou grão de bico, ou feijão, ou ervilhas)
- 1 cebola picadinha
- 1 dente de alho picadinho
- 1 col (chá) de cominho em pó
- 1 col. (chá) de coentro em pó
- 1 punhado de coentro fresco picado
- 150g de champignon picado
- farinha de trigo

Modo de preparo:

Refogue a cebola em um pouco de azeite, depois refogue o alho junto e deixe perfumar. Acrescente os temperos em pó e o champignon. Deixe perfumar mais uma vez.

Tire do fogo e deixe amornar. Misture isso ao coentro picado e ao grão escolhido já cozido e amassado. Pré-aqueça o forno a aproximadamente 180ºC.

Comece a montar os hambúrgueres no formato que quiser. Se precisar dar liga, você pode usar um pouco de farinha. Depois de modelados, passe-os por farinha de trigo só para criar uma casquinha na hora de assar.

Asse-os em formas untadas ou com teflon, para não grudar. Deixe por aproximadamente 20 minutos para que eles firmem. Depois é só montar o seu lanche. A sugestão é pão, rúcula, tomate e coalhada seca.

8.1.07

De improviso para agradar


Ontem recebi uma amiga em casa para assistir a um filminho e pedir uma pizza. Inspirada por um livro que pego para ler vez ou outra durante a semana resolvi que faria alguma entradinha para beliscarmos enquanto a redonda não chegava.

Tinha que ser rápido e fácil, afinal de contas ela chegaria em uma hora. Lembrei de umas massas de lasanha e pastel que estavam na geladeira prestes a vencer e achei que talvez pudessem ser usadas para montar samosas (uns pasteizinhos indianos). Foi o que fiz. E não é que deu certo?

Pinceladas com uma boa dose de gema de ovo e com um recheio levemente molhado, elas ficaram deliciosas e roubaram o lugar da pizza. O recheio é bastante simples de fazer e você pode jogar com os ingredientes que tiver em casa. A receita que fiz ontem segue abaixo, mas também é legal acrescentar ervilhas, milho, cenoura em cubinhos ou até bacon (os puristas que não me leiam).


Ingredientes:

- o quanto tiver de massa de lasanha ou pastel
- 3 batatas
- 1 cebola fatiada fina
- 1 dente de alho picadinho
- 1 e ½ col (chá) de curry
- 30g de manteiga
- pimenta-do-reino
- sal
- 1 col (sobremesa) de suco de limão
- coentro fresco picadinho

Modo de preparo:

Cozinhe as 3 batatas com a casca. Depois espere amornar e retire suas cascas. Amasse todas. Reserve.

Em uma panela média derreta a manteiga e coloque a cebola com uma pitada de sal em cima para ela cozinhar. Quando murchar um pouco jogue o curry por cima. Misture. Quando a cebola reduzir de tamanho acrescente o alho e deixe perfumar. Em seguida coloque as batatas e misture bem com os demais ingredientes. Coloque sal (se necessário), pimenta-do-reino, misture e desligue o fogo. Acrescente o coentro e misture.

Para montar corte círculos de massa, coloque uma colher de chá do recheio no centro, dobre no formato de meia lua e prense as pontas com um garfo. Pincele uma a uma com gema de ovo (você pode congelar a clara e quando tiver uma quantidade razoável faça um merengue, ou um “omelete branco”). Coloque todas em uma forma untada e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC. Elas estarão prontas quando a massa estiver firme, crocante e dourada.

4.1.07

Por uma carne mais saudável

Esses dias eu estava lendo um livro que acabou me tocando. Ele falava sobre frangos. Não foi novidade para mim saber que as galinhas que compramos em supermercados ou açougues comuns são criadas todas amontoadas (literalmente) em um galpão com luz artificial constante para que botem mais ovos. Nem que a alimentação delas é inadequada e voltada para a engorda, ou que recebem bastante medicamento para evitar doenças que seriam comuns num ambiente assim, onde elas ficam sobre suas próprias fezes –nas granjas é comum que o chão seja lavado com um produto esterilizante que machuca as patas das galinhas.

Nada disso era novidade pra mim, mas da forma como foi colocado, me chocou. Talvez pelo fato de eu ter percebido que todo esse medicamento, toda essa alimentação errada acaba no meu corpo, acaba sendo incorporado por mim. Ou talvez tenha me chocado por ter percebido que essa carne é insípida, que ela deixa para trás todo o sabor que se supõe que ela tenha.

Há, por exemplo, uma grande diferença no sabor da carne de caça (de verdade) e do mesmo animal criado em cativeiro. A carne do bicho que tinha em sua alimentação ervas e matos selvagens carrega consigo esses sabores. Já aquele criado em um criadouro, carrega consigo as lembranças de sua alimentação.

No caso dos frangos de granja, sua carcaça não carrega nada. As pobres aves são alimentadas com rações supervitaminadas e perdem em sabor quando chegam aos nossos pratos.

Não estou fazendo aqui uma apologia às carnes de caça, não quero que ninguém saia por aí caçando sua comida, mas podemos, sim, ter uma matéria-prima mais saborosa e mais saudável. Os alimentos orgânicos, que são cada vez mais comuns nos supermercados e nos restaurantes são uma boa alternativa. Os frangos criados soltos em fazendas seriam o meu ideal. Comendo milho ao invés de ração e botando ovos lindos, alaranjados e saborosos ao invés daqueles brancos e pálidos.

Vi na internet diversos sites de associações de produtos orgânicos, de feiras e de cursos sobre esses alimentos, mas a grande maioria só fala em vegetais. Estou em busca de carne orgânica, ou ao menos de galinha caipira para comprar. Seguem abaixo alguns links interessantes que encontrei. Mas fica aqui um pedido para que se alguém souber onde encontrar uma carne mais saudável e justa com os próprios animais, que me deixem um recado.

Portais:

Associação de Agricultura Orgânica

Portal Orgânico

Planeta Orgânico

Instituto Biodinâmico