25.9.06

Tapioca

Os mais puristas dizem que a tapioca tem que ser comida simples, apenas com uma manteiguinha em cima. No café da manhã é uma maravilha! Diria amigo de meu marido. E eu teria acreditado e concordado, não fosse uma amiga canadense. Precisei que uma estrangeira me mostrasse o quando uma tapioca pode ser saborosa.

Alimento indígena, a tapioca, ou beiju, ganhou admiradores nos colonizadores portugueses, que a viram como substituta do pão. Hoje ganhou status e já ocupa cardápios de restaurantes por todo o país.

Doce ou salgada ela pode ser extremamente saborosa, ou muito sem graça. Tudo depende do toque que você der aos recheios. Uma noite de tapioca com os amigos pode ser um evento bastante divertido, com cada um escolhendo seus ingredientes e montando seu próprio prato. Esqueça as tapiocas de quiosques de shopping, faça-as em casa.

Para a salgada:
Ingredientes:
- Goma (compra-se em feiras livres)
- Abacate maduro amassado
- Tomate picado em cubos pequenos
- Cebola
- Azeite
- Queijo coalho
- Orégano seco
- Sal

Modo de preparo:
-Refogue a cebola picadinha no azeite. Coloque um pouco de sal sobre ela quando estiver com o óleo quente para que ela solte água e fique macia e cozida.
- Esquente uma frigideira antiaderente untada com óleo, manteiga ou azeite. Quando ela estiver bem quente, distribua a goma sobre ela, formando uma camada de farinha, como se fosse uma panqueca. Com uma colher de pau, pressione a goma para que ela frite.
- Quando a goma estiver compacta, soltando da panela e levemente morena na parte debaixo, vire-a.
- Enquanto o lado cru toma cor, coloque sobre metade dela fatias de queijo coalho, o abacate amassado, os tomates picados, a cebola refogada, polvilhe com sal e orégano. *Não coloque muito recheio senão ele cairá todo pelas bordas.
- Dê dois minutos e dobre a “panqueca” de tapioca sobre ela mesma, formando um tipo de taco mexicano. A massa deverá estar firme e o recheio levemente derretido e morno.
- Sempre passe um papel toalha na frigideira entre uma tapioca e outra, para tirar os restos de farinha que poderiam ficar queimando na frigideira.

Para a doce:

Ingredientes:
-Doce de leite cremoso
-Uva passa
-Conhaque

Modo de preparo:
- Deixe as uvas de molho no conhaque por meia hora
- Escorra as uvas e misture-as com o doce de leite. Misture bem
- Prepare a “panqueca” de tapioca da mesma forma que a salgada, mas ao invés do recheio salgado, coloque a mistura do doce de leite e das uvas passas. Fica delicioso.

20.9.06

A feira livre ainda vale a pena?

No último fim de semana aproveitei para ir à feira. Uma boa feira que achei meio sem querer. Quem, hoje, faz compras na feira com freqüência? Eu não. Eu vou ao sacolão que fica ao lado de casa. Ele é limpo, aceita cartão de crédito, tem funcionários educados, é todo iluminado e me protege da chuva.

Pra que ir à feira? Pelo contato humano. Pelas dezenas de frutas que você prova – e acaba levando para casa – no caminho até a banca de flores. Pelas próprias flores. Pelo pastel! Nada melhor que um pastel de feira pra começar o dia.

O último domingo mudou minha percepção do que é bom ou ruim. Lá no Paraíso, nessa longa feira, vi que a concepção que eu tinha de caro e barato, confortável ou não, divertido e saudável foi alterada. Por mais que “no sacolão ali ao lado” os produtos tenham qualidade, não se compara à feira. Sim, em alguns casos ela é mais cara, mas até nisso existe flexibilidade. Quanto mais cedo você for, mais caro vai pagar. Se chegar lá pela hora do almoço, pode ser que não encontre produtos tão bonitos, mas eles continuarão sendo frescos, limpos e o preço estará melhor.

Mas mesmo no “horário de pico”, você consegue pechinchar e sair de lá com sacolas cheias de bons produtos e muito papo fiado – um dos muitos prazeres da feira. Por mais que você seja uma pessoa “fechada”, mal-humorada e que não goste de bater papo com qualquer um, é inevitável sorrir com as brincadeiras dos feirantes, com a facilidade com a qual eles baixam o preço do quilo do tomate ou com as “antiguidades” vendidas na barraca de tranqueiras, como os carrinhos de feira que sua avó usava e que ainda são muito úteis.

Ficou claro pra mim que ir à feira ainda vale a pena, deixando um gostinho de que assim posso contribuir, mesmo que pouco, para a retomada da valorização do que é nosso e da tão falada diversidade cultural. Sentimento reforçado depois que li um artigo da revista Slowfood – um movimento maravilhoso – que falava sobre o perigo da desumanização dos mercados e feiras pelo mundo. Muitos estão sendo obrigados a mudar de lugar, deixando o centro das cidades e sendo relegados à periferia, em pontos de difícil acesso. Além disso, as pessoas que antes se identificavam com um espaço, já não mais se reconhecem em outros corredores. Você que é de São Paulo, imagine se o Mercadão fosse transferido para Santo Amaro, por exemplo. Será que seria igual?

Outro ponto que o artigo ressaltava era a importância de cada fator nos mercados e feiras livres. O produto em si e o contato com o vendedor deixaram de ser tão importantes, abrindo mais espaço para as negociações monetárias. A diversidade cultural gigantesca que se reúne em um espaço como esse já não é mais notada e muito se perde por aí.

Eu não quero pregar nada contra nenhuma grande cadeia de supermercados ou até aos tão acessíveis sacolões, mas se você der uma chance à feira, aposto que vai gostar e querer voltar todas as semanas.

13.9.06

Toque do NYT

O NYT publicou nesta quarta-feira uma nota estragando um prazer de muitos norte-americanos. O jornal diz que o Centro para Ciência dos Interesses Públicos fez um estudo e “descobriu” que tomar café na famosa rede Starbucks pode custar mais gordurinhas que comer no McDonald´s.

Vamos aos números. Tomar o Caffè Mocha com creme da rede significa que você está ingerindo 490 calorias (!!), o equivalente a um Quarteirão com queijo. Mais: o Java Chip Frappuccino tem 650 calorias.

Outra notinha que me chamou a atenção nesta edição diz respeito aos defensores dos direitos dos animais. Depois de Chicago parar de vender foie gras, o mercado Whole Foods parou de vender lagostas vivas. Agora foi a vez da Ben and Jerry pedir para que as pessoas não comprem ovos vindos de uma fazenda que a Sociedade Humana dos Estados Unidos acusou de maltratar seus animais.

Enquanto isso, a empresa está firmando acordos com fazendeiros que assumem a responsabilidade de tratar adequadamente seus animais, em troca da permissão de uso de um adesivo com o dizer “Certificado Humanitário”.

12.9.06

Um vegetariano criativo

São Paulo tem boas opções de restaurantes vegetarianos. Poucas (se se levar em conta o número de casas gastronômicas na cidade), mas boas. Confesso que não comi em muitos, mas dos que provei, sem dúvida alguma o Vie Verte é o melhor. Pequeno, voltado para o público que trabalha na região (limitando um pouco seu alcance) e muito criativo.

Infelizmente, assim como a maioria das casas vegetarianas, ele só abre durante a semana no horário do almoço. Seu cardápio, no entanto, se diferencia. Sempre em mutação, ele é criativo, delicado e algumas vezes até sofisticado. Tanto é que já conquistou clientes cativos, cujos gostos já são conhecidos pelas garçonetes. Basta um “o de sempre” para que sejam servidos.

Um prato tradicional, que não sai do cardápio, é o dahl. Uma sopa indiana servida antes do principal. Deliciosa e bastante apimentada, ela ajuda a confortar o estômago dos famintos.

As saladas são o ponto fraco do cardápio. Corriqueiras, elas não trazem muitas novidades, mas cumprem seu papel. Já os pratos principais deliciam até aqueles que olham torto quando se fala a palavra vegetariano. De terça-feira, por exemplo, tem a opção “escalopinho natural ao molho de carambola”. O conceito do prato é excelente, apesar de o molho ser muito consistente e doce. Ele vem acompanhado de arroz integral, no ponto certo, e de uma empadinha de tomate seco, mussarela de búfala e rúcula. Apesar do recheio não ser nenhuma novidade, a tortinha é muito bem executada, com uma massa deliciosa.

O ratatouile com farofa de castanhas, que é um assado de legumes, distribui o sabor pela boca. Há também a Feijoada Light, que vem separada do restante dos alimentos, em uma cumbuquinha. Os acompanhamentos são banana assada, farofa de pipoca – muito inventiva e saborosa -, verdura refogada e arroz de açafrão. O prato sacia a vontade de uma feijoada, mas sem deixar o estômago estufado como as comuns.

Para completar, a sobremesa não deixa a desejar. Você sempre tem a opção de comer uma fruta, ou um doce. Hoje, por exemplo, tinha pudim de iogurte. Fantástico. Leve, um jeito perfeito de encerrar uma refeição. Já provei também o pudim com molho de rosas. Sem igual. A tortinha mousse de limão fica na mesma linha, doce o suficiente para matar a vontade e leve a ponto de não estragar a refeição que acabou de fazer. Você sai de lá com um sorriso no rosto, satisfeito em quantidade e qualidade.

O Vie Verte fica na rua Rua Bianchi Bertoldi, 128, uma paralela à Av. Faria Lima, na proximidade do cruzamento com a Av. Rebouças.